quinta-feira, 3 de outubro de 2013

E os racistas não param de rosnar

(De uma campanha espanhola contra o racismo)

    

           Em diversas postagens do blog, apontei a associação muito frequente entre discurso racista e posicionamento político de direita.  Ainda que existam indivíduos que, se colocando à esquerda na maioria das questões, emitem opiniões racistas, o racismo nas organizações de esquerda é demonizado, enquanto nas de direita encontra no mínimo tolerância.
          Retomo o assunto por uma razão específica: há alguns dias, o analfabeto funcional que se apresenta como moderador da página do Facebook Orgulho de ser Branco (https://www.facebook.com/BrancosOrgulhosos?ref=ts&fref=tsse queixou do meu suposto preconceito contra sua "inocente comunidade" nos comentários da matéria Mais racismo no Facebook (http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/2013/06/mais-racismo-no-facebook.html), publicada em junho.
          Identifico, como naquela ocasião, a filiação direitista da página, expressa até nas afinidades declaradas de seu moderador.


      Isto, entretanto, é o que menos importa.  Ser de direita, ou mesmo extremista de direita, faz parte da liberdade de opinião de cada um de seus participantes.  O que pretendo ressaltar é a grotesca contradição entre uma negação retórica do racismo por parte dos "orgulhosos" e sua conivência (senão incentivo) com palavras de ordem francamente racistas. 
      Sem assumir de maneira explícita a adesão a projetos segregacionistas, o mediador se declara, com aprovação integral de seus seguidores, contrário às uniões ditas interétnicas ou multirraciais.  Em numerosas discussões é exaltada, mais do que as realizações culturais e tecnológicas dos eurodescendentes, a postura dos brancos que pretensamente jamais se casariam ou teriam filhos com pessoas "de outras raças".         




      O mediador também não reprime as manifestações dos adeptos menos maliciosos que se arriscam a demonstrar simpatia aberta pelo hitlerismo.  Para Bianca Birvar, o Führer partia da "boa intenção" de preservar ou multiplicar os fenótipos arianos mais característicos. 



     
        Outro membro, Aroldo Resende, se mostra preocupado em afastar as mulheres louras das perigosas garras de homens não brancos.



      A influência nazista se torna mais perceptível em diversas declarações de "orgulhosos" que, sem qualquer argumento, excluem os judeus da categoria de brancos.  A combinação entre racismo e baixa atividade mental possibilita um diálogo em que o Estado israelense é enaltecido por segregar palestinos (política sugerida aos "países brancos" contra os imigrantes e seus descendentes) e depreciado como entidade representativa de gente não branca. 


     Contando com a vasta compreensão do mediador, o membro Lucas Luis afirma com um arremedo de sutileza que negros são retardados.  



       Mas a pior atitude do "responsável" pela página, sem dúvida, é abrir espaço para a delinquência do cidadão Robert Munhoz.  A quantidade de pérolas racistas produzidas por este último quase me obriga a pedir indulto para Mayara Petruso! Segundo Munhoz, o sangue negro leva diferentes países ao subdesenvolvimento, os poucos brancos existentes carregam o Brasil nas costas, a miscigenação transforma o brasileiro em um povo estúpido e quem se mistura com pessoas de outras etnias joga sua herança familiar no lixo.  Em dispensável participação especial, Rodolfo Italo, tomado por um arroubo mussoliniano, se apresenta para pegar em armas contra os "multiculturais" em nome da "ancestralidade europeia guerreira".  Imagino a que malabarismos o mediador  seria constrangido, em seu limitado domínio da língua, para negar o racismo tão claramente tipificado nestas conversas.    











         Mesmo com tal histórico, o mediador "Cavaleiro" se considera ofendido com as minhas observações.  Devo dizer que ele não é o único indignado.  Vejo como absurdo o fato de o grupo Orgulho de ser Branco permanecer ativo na rede social mais popular da Internet durante quase nove meses difundindo comportamentos criminosos, ao menos conforme as leis brasileiras. 
           Assim, convido todos os antirracistas de todos os países e de todas as etnias que possuam conta no Facebook a clicar na seta voltada para baixo no alto da citada página e denunciar mais uma vez os "orgulhosos" esfarrapados.  
 
 
 
      Alguém me lembrará, com certa dose de razão, que comunidades racistas virtuais são fechadas hoje e reabertas amanhã com outros nomes, o que reduz a eficácia das denúncias.  Pois bem: além da mera solicitação de exclusão que faremos ao Facebook, é possível notificar o caso à Polícia Federal, sobretudo quando temos atores que ousam registrar sentenças racistas sob identidades aparentemente reais.  
 
 
        Denuncio de novo, e agora.












3 comentários:

  1. O pessoal que curte essa página deve ser retardado. Juro que já li até gente comentando que Nelson Mandela foi responsável por GENOCÍDIO de homens brancos na África do Sul.

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  2. ESTA PAGINA TEM 100MIL CURTIDAS, E NUNCA VI NINGUEM RECLAMANDO " AI QUE RACISTAS MEU DEUS" Agora, so porque a pessoa tem orgulho de ser branco, a classe mais descriminada hoje em dia, ja leva logo com: miseravel racista!!

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    1. Até na aritmética você se engana: a página tem pouco mais de quatro mil curtidas, o que já é um escândalo, tendo em vista as pérolas racistas que vemos por lá. As reclamações na verdade são muitas, mas o modelo neste caso não é "ai meu Deus" e sim "ai minha Polícia Federal". Ao invés de tentar defender hitlerianos de segunda, compre uma gramática e aprenda que uma pessoa que sofre preconceito é DIScriminada e não DEScriminada.

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