quinta-feira, 21 de março de 2013

O racismo brasileiro, nem sempre tão velado



       
       Hoje retorno às imagens da página "Orgulho Eurodescendente" que salvei por meio do print screen.  Ressaltei na postagem anterior as contradições do administrador em sua inútil pretensão de fugir à qualificação de racista.  Agora, apresento uma pequena parte das pérolas do racismo brasileiro que ele permitiu que fossem gravadas naquele espaço, apesar de alertar seguidas vezes que não toleraria "porcarias".  A tarefa poderia ter sido cumprida até por um bom aluno do Ensino Fundamental, pois o próprio "Orgulho" facilita as coisas ao incensar a memória dos ultrarracistas confederados do Sul dos Estados Unidos.  A vinda de uma parte deles para o Brasil é apresentada de forma simplória como uma estratégia para fazer progredir a agricultura brasileira, passando ao largo dos compromissos entre forças escravagistas dos dois países.




     Abaixo de uma reportagem sobre a Islândia, um dos seguidores da comunidade, Alexandre Fernandes, lamenta o fato de existirem habitantes não brancos na aprazível ilha, ainda que poucos.  



          Lucas Hans deplora sem disfarce a resistência oferecida por britânicos e franceses ao nazismo.  Isto teria frustrado o projeto de uma Europa completamente branca.  Ele relaciona o desenvolvimento material da Alemanha de Hitler ao perfil étnico de sua população.  Alguém talvez queira avisá-lo de que os alemães contemporâneos continuam vivendo na maior economia do continente tendo ao lado milhões de turcos em todas as atividades produtivas, mas creio que se trata de uma missão de resultado duvidoso.      



      Para Kevin Campos, os brancos da África do Sul e do Zimbabwe, supostamente marginalizados por comunistas perversos, deveriam imigrar em bloco, reforçando o componente racial "ariano" de outros Estados. 


                                                                   


      O mesmo Kevin endossa as palavras de ordem  de Filipe Milos contra a miscigenação entre brancos e não brancos.





             Rafael Shevchenko, em um dos tópicos destinados à apreciação das beldades femininas brancas, faz objeção à colagem da foto de uma moça que, na sua opinião, não é caucasiana o suficiente para figurar na dita seleção.  Descobrimos então, com certa surpresa, que os nascidos entre Porto Seguro e São Luís, bem como os que com eles se parecem fisicamente, estão automaticamente desclassificados do segmento branco. 






         Jair Santana, além de naturalizar o fato de negros serem alvo preferencial de batidas policiais, prega a submissão de todos aos parâmetros de uma "civilização branca".  Aos negros inconformados, oferece a imigração para a África ou para o Haiti.  


                                                     
      Em comentário sobre a militância negra norte-americana, Yuri Vankovich revela a sobrevivência do lugar comum segundo o qual todos os africanos, antes do tráfico de escravos para a América, eram selvagens que viviam pelados em aldeias de tipo Neolítico.  Contra toda lógica, ele afirma que a liberdade dos negros do continente americano é uma dádiva do homem branco.  Arrematando o discurso, Sylvio Ker reproduz o argumento da volta para a África, encontrável em várias publicações da comunidade.   



                                                             
       Para Márcio Henriques, a capacidade de superar contextos desfavoráveis como a escravidão confere a alguns povos o direito talvez natural a uma "supremacia".  De maneira incrivelmente sincera, apesar do primitivismo ideológico, a miscigenação entre brancos e não brancos é definida como "procriação mal planejada".



       Não formularei denúncia contra qualquer um destes perfis, os quais suspeito que nem sejam verdadeiros em sua totalidade.  Penso que eles já desempenharam com a eficiência necessária o papel de advogados de auto-acusação.  Resta, portanto, a alegação de que são perseguidos por uma militância de esquerda intolerante.  Deixo ao leitor o julgamento sobre quanta solidariedade merecem...   


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