terça-feira, 17 de julho de 2012

Racismo palpável: o matrimônio segundo o bispo Macedo

      

          Não acreditei nesta notícia, quando a li pela primeira vez, reproduzida nas redes sociais.  Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, conta com multidões de seguidores ferrenhos, mas também é odiado por milhares de pessoas, e por diversos motivos.  Calculei  que algum dos detratores do bispo, talvez até ligado a uma igreja concorrente, tivesse escrito o texto que copio na íntegra logo abaixo, com a finalidade de denegrir a sua imagem.  Grande foi a minha surpresa quando acessei o site da IURD e verifiquei que era autêntico.  

  
    

             A experiência de vida acumulada em escolas, universidades, empregos públicos, privados e na "economia mista", residência na capital fluminense e no interior, não me permite mais ficar estarrecido com a mera constatação de preconceitos.  Todavia, é espantoso que um homem tão exposto aos holofotes quanto Edir Macedo se expresse de maneira tão abertamente preconceituosa.
              O bispo afastaria, se pudesse ordenar o mundo desde as origens, Salvador Dalí, nascido em 1904, de sua eterna musa Gala, que era de 1894.  Napoleão Bonaparte (1769-1821) jamais chegaria perto de Josefina de Beauharnais, seis anos mais velha.  O par romântico formado por Tarcísio Meira e Glória Menezes também seria contra-indicado, mesmo sendo a diferença, neste caso, bem menor. 
              Porém, o que causa maior assombro, sem dúvida, é a tentativa de persuadir os fiéis a evitarem os matrimônios interétnicos.  A pregação do bispo, se efetivada no âmbito da igreja, colide com o artigo 14 da Lei do Crime Racial (Lei 7716/89 de 5 de janeiro de 1989), que prevê pena de reclusão de dois a quatro anos para quem "impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social":


         Levando-se em conta o conjunto dos relatos sobre o que costuma acontecer aos que adotam comportamentos heterodoxos na IURD, é bastante provável que estas diretrizes prevaleçam, a não ser que ocorram mobilizações sociais e jurídicas que obriguem Edir Macedo a recuar.  A exemplo dos "bons" racistas cordiais, o bispo deixa claro que por ele "não haveria nenhum problema" nos casamentos interraciais.  Seus defensores poderiam alegar que as restrições se devem à primazia da expansão da fé sobre a felicidade pessoal, e que outros grupos, como diplomatas e agentes secretos, estão sujeitos, na prática, a restrições ainda maiores no que se refere à escolha dos cônjuges.  
             Estes argumentos são frágeis, sobretudo se atentarmos ao fato de que o proselitismo cristão inclui, infalivelmente, a diretriz de afrontar as perseguições, de não se curvar aos poderes terrenos quando estes se opõem à doutrina religiosa.  Além disto, mesmo nos países em que as manifestações racistas são mais ostensivas, isto não ocorre de maneira uniforme, nem com a participação de todas as pessoas.  Mas pode ser que o bispo, ao planejar o crescimento da sua igreja, mire de preferência nos segmentos mais conservadores: os que se resignam aos velhos preconceitos, inclusive raciais, talvez sejam os melhores candidatos à conversão e em seguida os obreiros mais submissos.
              Passo agora a palavra a outro tipo de crente, o que acredita na existência da democracia racial brasileira. 
                           
             

4 comentários:

  1. Esse caduco atira no próprio pé como sempre. Alexandre Raposo, diretor da rede record é casado com uma respeitável e simpática senhora de pele negra...E daí? Aliás ele (Raposo) ganhou meu respeito especialmente por isso. Nesta sociedade racista e sexista, ir de encontro ao pré-conceito da maioria é demonstração de um imenso caráter.E todos sabemos que muito mais que as mulheres, homens querem apresentar suas companheiras como troféus...ou seja numa sociedade que impõe que a mulher branca, loira de alta classe e descendência mesmo sendo uma mal caráter é o ideal... Portanto, você assumir diante da alta classe esse verdadeiro amor.É honorável! Todos sabemos que homens de mal caráter mesmo atraídos por uma linda mulher negra não são homens pra fazerem o que querem e como moleques precisam dar satisfação ao outros raramente assumindo um casamento.Isto é histórico.D. pedro I tinha dezenas de amantes negras mas , sem amor tinha que assumir as convenções e casar por interesse.Isto é uma velha e maldita tradição brasileira!

    Tudo isso será igual as matérias pela record apresentadas ; criticando outras igrejas e doutrinas.Teve que voltar atrás e fazer matérias na record pra corrigir e ganhar a simpatia dos evangélicos.Esperem matérias na Record exaltando a miscigenação para corrigir a má impressão que estas idiotices causaram.

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  2. CONTINUAÇÃO DO COMENTÁRIO ANTERIOR- É lamentável que isso venha justo de uma igreja chamada pentecostal , ou coisa parecida, que históricamente foram as que mais se abririam as massas e isso inclue pregar a todos sem distinção , indo inclusive aonde o povo está, nas periferias e rincões, já que para decepção geral existem até certas denominações que ao chegarem ao Brasil se fecharam em seus grupos étnicos não tendo interesse de pregar aos brasileiros como eles realmente são, um povo mestiço!

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  3. É muito comum no meio evangélico alguns pastores que sendo conservadores no campo da moral (o que é natural) tendem a ser conservadores em outras áreas como no campo politico-ideológico, alinhando todo seu discurso a idéias conservadoras de direita ( as vezes extrema) o que é perigoso e em certas questões, lamentável.Na questão do negro brasileiro por exemplo ALGUNS pastores desde sempre e em geral tiveram opinião alinhada a dos opressores, sejam os escravocratas seja o poder dominante que precisava se esquivar da responsabilidade das conseqüências da escravidão, tudo isso, por omissão, covardia ou por concordar equivocadamente com as idéias racistas da época as vezes falsamente baseadas em mentiras cientificas e mitos religiosos.E até recentemente ainda resistem certos pastores , do tipo que simpatiza com a ditadura militar, que vende a idéia da ” democracia racial brasileira”, de que o Brasil é um paraíso em termos de relações entre as pessoas de “aparência” e etnia diferente.Isso é um discurso imposto pelos militares pois era conveniente a época , pois, imaginem se no Brasil um movimento como o liderado pelo amado herói e mártir, o Pastor Martin Luther king se espalhasse por essa nação, imaginem milhões de negros mesmo que pacificamente reinvidicando qualidade de vida e respeito, no mínimo.Para uma ditadura era conveniente que esta parcela do povo continuasse alienada e até provasse de uma fantasiosa sensação de “democracia racial”.

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  4. Prezados, YAWHE, em hipótese alguma , elegeu esse degenerado para falar, pregar e expor sua SOBERANA doutrina. Portanto, não deis ouvidos a esse degenerado espiritual, nada do que ele fala tem fundamento em YAWHE, que jamais, "dependeria" de depuração étnica , para que sua mensagem de SALVAÇÃO EM YESHUA seu messias , oferecido a humanidade, tivesse sucesso. Isso que este degenerado, prega é RACISMO, DEPRECIAÇÃO, HIPOCRISIA, HERESIA E finalmente : BLASFÊMIA AO CRIADOR E SUSTENTADOR YAWHE.

    Este "bispo" nunca foi de YAWHE...pelo contrário, é um filho de belial. Não deis ouvidos a este, pois , ele , já está em laço e fel de amargura.( por favor leiam a epistola de JUDAS, nas sagradas escrituras e usem a lógica após a devida leitura , e que YAWHE esteja com todos.

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