São praticamente incontáveis as matérias que, no mundo virtual, enumeram as razões para que os brasileiros sensatos não votem em Aécio Neves e nos demais candidatos do PSDB presentes no segundo turno das eleições de 2014. Eu mesmo, desde o ano passado, fiz contribuições esparsas à literatura deste gênero. Hoje, contudo, devo ir além: não basta mostrar que os tucanos e seus aliados são elitistas, fisiológicos, entreguistas, mentirosos e falsos moralistas; apresento, assim, uma breve agenda positiva, com treze argumentos sucintos, entre muitos que poderiam ser listados, para justificar meu voto em Dilma Rousseff para a Presidência da República.
1- A expansão da rede universitária federal terá prosseguimento, com a ampliação do número de matrículas e, muito provavelmente, com a criação de novas instituições de ensino.
2- O ensino técnico também continuará a se expandir, beneficiando o setor industrial e até (curioso efeito colateral!) a própria coxinhada raivosa, que poderá recorrer a profissionais qualificados quando seus bens estiverem danificados, ao invés de pedir socorro, por falta de opção, à conhecida figura do "faço tudo, porém nada direito".
3- O ingresso de milhões de pessoas das classes C e D no ensino técnico e, principalmente, nas faculdades, fará diminuir a subserviência dos pobres ao tipo idealizado do "dotô" bem nascido. A senhora Cidadania agradece por antecipação.
4- Teremos mais quatro anos livres de economistas que gostariam de utilizar o Ministério da Fazenda para conter ou comprimir o crescimento real dos salários.
5- A política externa brasileira tenderá a aprofundar suas diretrizes de independência, ao invés de retornar a um danoso alinhamento automático com os Estados Unidos.
6- O campo das forças políticas progressistas receberá mais um impulso na América Latina, para desespero das minorias pró-oligárquicas que se apegam às relações tradicionais de poder.
7- Com um pouco de sorte, assistiremos pela TV ao sepultamento do DEM ("Democratas"), que depois de funcionar durante décadas como a mais exuberante expressão do conservadorismo fisiológico no Brasil foi reduzido pelas urnas, em 2014, a 22 deputados federais. Alijado do governo federal por mais um quadriênio, entrará em estado de inanição.
8- A revista Veja não será elevada ao posto de versão chula do Diário Oficial, e nem receberá auxílios oficiais quando sua crescente falta de credibilidade levá-la à situação de indigência.
9- Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e Coronel Telhada, bem como dúzias de seus imitadores com poucos ou nenhum voto, ficarão relegados à oposição, esvaziando as agendas da homofobia e da criminalização da pobreza.
10- Os direitos dos trabalhadores rurais sem terra, índios e quilombolas, mesmo que sujeitos a constantes enfrentamentos, não serão esmagados pelos lobbies dos que gostariam de transformar metade do país em plantação de soja e a outra metade em zona de pecuária extensiva.
11- Os crimes cometidos pelos agentes da ditadura civil-militar inaugurada em 1964 continuarão vindo à tona, e nem mesmo a imprensa burguesa poderá impedir sua completa divulgação.
12- Manteremos na chefia do Estado uma mulher que não é nem filha, nem neta, nem mãe de políticos. É um passo, mesmo que pequeno, contra o "filhotismo" e as "dinastias" eleitorais.
13- Dilma Rousseff é apoiada por Chico Buarque de Holanda, Luís Fernando Verissimo, Ivan Lins, Paulo José, José Paulo Netto, Gilberto Gil, José de Abreu, Beth Carvalho, Marcelo Rubens Paiva, Osmar Prado, Leonardo Boff e Ivanir dos Santos, enquanto seu oponente conta com Lobão, Merval Pereira, Roger do Ultraje a Rigor, Luciano Huck, Rodrigo Constantino, Wanessa Camargo, Regina Duarte, Danilo Gentili, Augusto Nunes, Maitê Proença, Ronaldo Fenômeno e Silas Malafaia. Alguém precisa comentar?
Gustavo, faz um aprofundado nessas últimas semanas!
ResponderExcluirAnotado. Já estou processando algumas ideias.
ExcluirRachel Piaszt, você não está proibida de comentar aqui, mas comporte-se como uma moça de família. Chiliques e spams vão direto para a lixeira.
ResponderExcluirFalta um texto sobre "45 motivos para não votar 45".
ResponderExcluirOutro fator importante são os BRICS. Bom artigo!
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