quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Desconstruindo uma celebridade (II)

             Deixo momentaneamente as questões relacionadas à escravidão e ao tráfico para dissecar com a maior brevidade possível o terceiro item da série de artigos de Olavo de Carvalho a meu respeito, não obstante, como já atestamos, a minha notória insignificância:


           Embora se queixe da suposta distorção, praticada por mim, contra sua figura, Olavo dedica dois parágrafos inteiros à construção de um Gustavo Moreira fictício.  Devo-lhe um agradecimento por me propiciar o retorno de duas décadas no túnel do tempo, quando sou rotulado de "recém-egresso da faculdade".  Ao comparar realizações depois de ter confessado que não achou sequer o meu Lattes, na prática passa um recibo de paciente psiquiátrico avesso ao tratamento.  Menos sentido ainda faz a minha presumida meta inquisitorial de expulsá-lo dos "ambientes intelectuais superiores", nos quais sua presença é, no mínimo, bastante duvidosa. 
             Paralelamente, Olavo retorna à tediosa tese da fraqueza e da desunião da direita, que apresenta como um punhado de dons quixotes dispersos pelo país.  Sei que invisto em um diálogo de surdos, mas pergunto se algum governo, sem o conhecimento do apedeuta que vos escreve, proibiu o funcionamento da Escola Superior de Guerra, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, da FETRANSPOR ou da União Democrática Ruralista.  Pergunto o que é a numerosa bancada ruralista do Congresso Nacional, senão uma frente conservadora multipartidária.
          Talvez Olavo me questione sobre quantos destes valorosos defensores da livre iniciativa leram Edmund Burke ou se guiam pelo programa de Russell Kirk.  É provável que possamos mesmo contá-los nos dedos de uma mão só, mas é absurdo reduzir a massa dos adeptos de uma corrente política à minoria que realiza estudos doutrinários profundos.  Generalizando o critério, também chegaremos à conclusão de que a esquerda inteira cabe dentro de um vagão de metrô. Alguém crê que a militância do PC do B lê em peso o conjunto das obras clássicas do marxismo? 
              O lamento sobre a dificuldade da direita em unir esforços também é tolo.  O que une a esquerda, a não ser o título de esquerdistas, conferido pela direita de tipo olavete a todos os integrantes de um arco político que pode se estender de Yeda Crusius a Cyro Garcia?  Quem convence PT e PSB a apoiarem os mesmos candidatos a prefeito nas variadas capitais brasileiras?  Quem impede o PSOL de eventualmente votar junto com o DEM contra o governo Dilma?
               Compreendo a sensação de isolamento de quem enxerga esquerdismo na revista Veja, que há mais de duas décadas já funcionava como um dos principais órgãos de campanha do então candidato à presidência Fernando Collor.  A mera presença de uma colunista que confesse ter feito um aborto, ou de um ensaísta que aceite a união civil homossexual, já constitui pretexto infalível para a direita conservadora (o uso da expressão é inevitável) proclamar a fidelidade de uma publicação ao "marxismo cultural" ou coisa que o valha.  Tanto pior é ver esquerdismo em José Serra, dirigente sistematicamente apoiado pelo DEM e pelo PTB, herdeiros diretos do Centrão da Constituinte de 1988. 
               Sobre o pretendido monopólio dos brancos na militância negra, ou terceiromundista, penso que algumas imagens valem mais do que o discurso:




      
                   Olavo cai no ridículo ao proclamar em triunfo a falta de movimentos pelos direitos dos negros nos países comunistas.  Deveria antes mostrar que comunidades negras demandam representação na China, na Coreia do Norte ou no Vietnã.  Quantos negros eram cidadãos soviéticos, poloneses ou alemães orientais?  Sintomaticamente, foi depois da "gloriosa" volta ao capitalismo que começaram a circular na mídia as notícias de ataques de neonazistas aos estudantes africanos que vivem na Europa Oriental.  
               Porém, a parte do leão das "acusações" de Olavo gira em torno da minha "estratégia desonesta" de transformá-lo no homem de palha, o boneco sobre o qual podem ser depositadas todas as críticas merecidas pela direita conservadora.  Em termos mais diretos, insinua que minto sistematicamente a seu respeito.  Sou forçado a considerar a possibilidade de que o diretor do MSM sofra de algum tipo de amnésia seletiva.  Ele "denuncia", por exemplo, que lhe atribuo um falso papel de adversário do Islã, a partir da seguinte fala:

Previsivelmente, em boa parte de seus artigos os muçulmanos ocupam o papel de vilões, de ameaça constante à civilização ocidental. Todavia, no afã de combater o “inimigo”, ele não economiza disparates e juízos de valor que mais caberiam ao chefe de uma torcida organizada.     

              Vejamos então, a bem da verdade, quem é o autor das passagens abaixo:


Por exemplo, eu estou seguro de que não é possível explicar a história do século XX, em absolutamente nada, sem levar em conta a ação de enviados de organizações islâmicas que agem no Ocidente há mais de um século exercendo uma influência muito sutil sobretudo na elite intelectual. Antes de vir esse ataque por baixo, que é a imigração [como arma de guerra cultural], essa agitação toda e o próprio terrorismo, muito antes disso havia uma ação por cima, através da dissolução da elite intelectual ocidental, [seguida pela] sua reorganização em termos islâmicos.



Nos EUA, inúmeras escolas oficiais – notem bem: oficiais – punem qualquer crítica ao Islam submetendo o faltoso a um estágio obrigatório de “reeducação da sensibilidade”, que inclui horas e mais horas de recitações do Corão e audição de pregações islâmicas. Ou seja: uma comunidade carente, que chegou anteontem trazendo nada mais que sua miséria e seu ódio ao país hospedeiro, em pouco tempo conquista direitos especiais e uma posição privilegiada na sociedade, e sua religião é tratada com a deferência devida a uma prima-dona autoritária e ranheta.

           Resumindo: Olavo vê as comunidades muçulmanas residentes no mundo ocidental como uma horda de pobres que odeiam a própria mão que lhes alimenta, abrigam terroristas e servem como massa de manobra para ideólogos que desejam destruir a cultura ocidental e substituí-la pela islâmica.  Entretanto, está absolvido de tê-los qualificado como vilões ou adversários porque teve um estudo divulgado na Arábia Saudita!!!   
            Refresquemos mais um pouco a memória do auto-exilado.  Em vídeo não muito antigo, temos uma bela pérola, ligada a eventos ocorridos na Noruega:


50 mil militantes radicais islâmicos saíram pelas ruas jogando granadas, tocando fogo em tudo, agredindo pessoas, matando...  
  
             Consulto de passagem os dados sobre a população norueguesa que estão disponíveis na Internet.  O país, com menos de 5 milhões de habitantes, tem pouco mais de 11% de imigrantes e filhos de imigrantes.   As maiores colônias estrangeiras são a polonesa e a sueca.  Caso levemos a sério a notícia bombástica trazida por Olavo, a qual sem dúvida o Foro de São Paulo evitou que chegasse aos telejornais brasileiros, concluiremos que toda a comunidade muçulmana da Noruega é composta por radicais religiosos em guerra declarada contra o Estado hospedeiro!!!  Se não estamos diante da mais pura tentativa de manipulação ideológica, desconheço o real sentido de tal expressão.
              Sou igualmente acusado de caluniar Olavo no que diz respeito a Barack Hussein Obama:

Desde logo, nunca afirmei que Obama tivesse nascido no Quênia. Dou ao sr. Moreira um prazo de dez anos – ou de um século, se ele quiser -- para localizar, nos meus escritos e emissões de rádio, qualquer palavra minha nesse sentido.

              Apesar da minha vasta imaginação, não acredito que leitores digam que "plantei" estes textos:


1) Sua avó paterna assegura que estava presente na sala de parto quando ele nasceu num hospital em Mombasa, Quênia. Ele assegura que nasceu em Honolulu, Havaí, mas ele e sua irmã dão os nomes de dois hospitais diferentes onde isso teria acontecido.


Quando surgiu um zunzum de que a avó de Barack Hussein Obama dizia ter assistido ao parto dele em Mombasa, o governo queniano mandou investigar e descobriu que, no arquivo do hospital, faltavam justamente os registros da semana de agosto de 1961 em que teria ocorrido o nascimento da criatura.Agora, a comissão nomeada pelo xerife Joe Arpaio constatou que, nos arquivos da Imigração, onde são guardadas em microfilme aquelas fichas que os passageiros de viagens aéreas preenchem antes do desembarque, faltam as fichas das pessoas que chegaram do Quênia naquela mesma semana. No Arquivo Nacional de Washington, a mesmíssima coisa. E, por incrível que pareça, os registros daquele período estão ausentes, também, dos arquivos das companhias aéreas que em 1961 tinham voos entre o Quênia e os EUA.


Resta a hipótese de tentar descobrir alguma coisa através de testemunhas. O que elas contam é interessante. A avó diz que ele nasceu no Quênia e não no Havaí como ele afirma, seus irmãos quenianos dizem que ele é muçulmano e não cristão como afirma, sua irmã diz que ele nasceu num hospital quando ele afirma que nasceu em outro

                  Realmente não encontro uma proclamação do tipo "Eu, Olavo de Carvalho, declaro para todos os fins que Barack Obama nasceu no Quênia!"  Olavo apenas sugere com eloquência, três ou mais vezes, que Obama é queniano e provavelmente seus registros verdadeiros de nascimento foram apagados.  Calculo que um juiz criterioso me condenaria a pagar cinco reais de indenização a O. de C. por tão pesada calúnia, ou quem sabe fornecer uma cesta com alguns quilos de arroz, feijão e farinha a uma família miserável.  Preciso reconhecer, todavia, que a despeito de seu conservadorismo Olavo deve ser um patrão amável: concedeu-me dez anos para uma tarefa que só consumiu pouquíssimos minutos de busca no Google.
                  Sigamos:

Com relação aos termos “muçulmano” e “comunista”, o advérbio “alternadamente” dá a entender que se trata de qualidades mutuamente excludentes e contraditórias, que às tontas atribuo a Barack Obama, no puro intuito de dizer alguma coisa, qualquer coisa, contra a criatura. Na verdade, nunca escrevi que Obama fosse nem uma coisa, nem a outra. Escrevi, sim, que ele trabalha em favor de um esquema de poder internacional em que se aliam, contra os EUA e Israel, comunistas e radicais islâmicos (não “muçulmanos” tout court). 

                Peço mais uma dose de paciência a quem veio até aqui, pois certamente a reconstituição do pensamento de desmemoriados é um tanto tediosa.  


Por que o agitador racista Khalid al-Mansour pagou os estudos de Obama em Harvard? Como pode Obama afirmar que não foi educado numa família muçulmana, se os documentos mostram que até numa escola católica, na Indonésia, ele se registrou como muçulmano



A avó diz que ele nasceu no Quênia e não no Havaí como ele afirma, seus irmãos quenianos dizem que ele é muçulmano e não cristão como afirma, sua irmã diz que ele nasceu num hospital quando ele afirma que nasceu em outro,


                Como posso ser tão cascateiro?  Olavo de Carvalho não diz que Obama é muçulmano.  Somente que foi educado em família muçulmana, se registrou como muçulmano na escola e seus irmãos acreditam até hoje que ele é muçulmano.  Tudo aliás, com a mais comprovada inocência, sem sombra de segundas intenções!
                Adiante com o extenso repertório:


Há em primeiro lugar os que sondam a biografia ideológica de Obama em busca das constantes que formaram sua mentalidade. A documentação a respeito é abundante, muito bem pesquisada – principalmente nos livros de Jerome Corsi, David Freddoso e Steve Sailer – e o perfil que dela transparece é nítido: os ingredientes que o compõem são o comunismo, o terceiromundismo, o anti-americanismo e o racismo negro mais exacerbado.


já em 1956 o Comitê Reece da Câmara de Representantes dos EUA levantou provas substanciais de que algumas fundações bilionárias estavam usando seus recursos formidáveis “para destruir ou desacreditar o sistema de livre empresa que lhes deu nascimento”. Essas fundações estão hoje entre os mais robustos pilares de suporte do governo socialista de Barack Hussein Obama.


O que é absolutamente certo é que a liberação das viagens a Cuba, planejada pelo governo Obama, vai fortalecer um bocado o regime comunista da ilha, não só “enchendo de dinheiro os irmãos Castro”, como disse Otto Reich, mas facilitando o trânsito de espiões cubanos num país que já está repleto deles.

              Agora finalmente conseguimos entender.  Olavo não considera Obama comunista.  O presidente americano apenas foi  intelectualmente formado por comunistas e encabeça um governo socialista que se empenha em favorecer Cuba.  
                 Humor involuntário à parte, a única coisa que me espanta, até certo ponto, é saber que várias pessoas ainda tentarão justificar o contorcionismo e as bravatas de seu amado guru.  Depois retornamos a questões com maior conteúdo.
















            
          
           

3 comentários:

  1. Para vocês verem como esse Olavo é um mentiroso cínico. Agora ele disse que o ataque ao templo Sikh foi ato de um suposto “neo-nazista” que ágio sozinho shashashsahas... Porem, não é isso que o Site whatdoesitmean.com nos revela:

    “(...)
    Estes relatórios, no entanto, entrar em conflito com testemunhas oculares [Veja vídeos abaixo] que afirmam que este massacre foi realizado por 4 homens fortemente armados, todos vestidos de preto, que utilizaram armas automáticas, e assim como no recente atirador com mascara de gás no cinema do Colorado para chocar suas vítimas em inércia, quando o ataque começou.(...)” Continue lendo: http://www.whatdoesitmean.com/index1605.htm

    Eu pergunto, onde esses sionistas idiotas puderam imaginar que acreditaria mos num caso absurdo como este. É absolutamente impossível para um único individuo matar 6 pessoas com uma pistola! Como bem sabemos pistoleiros como Henry McCarty, etc., não existem mais. Portanto dessa vez esses idiotas isageraram d+ na dose neste (ATAQUE DE FALSA BANDEIRA) que no fim das contas teve dois objetivos! Primeiro, atacar a segunda emenda. Segundo, incitar e encorajar o conflito entre duas religiões e culturas(Quando os cristão setornam fortes os sionistas apóiam os muçulmanos para enfraquecê-los. Por sua vez, quando são os islamitas demasiado fortes, os sionistas apóiam os cristãos para enfraquecê-los. Eles também dão suporte a ambos os lados, quando estes estão pujantes, e assim o fazem muitas vezes em segredo. Então os cristãos matam os muçulmanos, e vice-versa, enquanto os sinistas riem disso tudo nos bastidores, beneficiando-se de todo o cenário.).

    E ainda assim após todo este fracasso de falsa bandeira aparecem pessoas como Olavo tentando endossar com cinismo mais um desses casos em seus discursos melodramáticos... É Olavo, não foi desta vez. Qual será o próximo? Seu verme...

    Obs: Pessoal!, vocês querem mesmo calar esse Olavo de Carvalho? Comuniquem pessoas ligadas aos Rockefellers, George Soros, Skulls and Bones ou a administração Obama sobre o que ele vem espalhando sobre eles e vocês verão o que acontece com esse homenzinho. Ah, e não se esqueçam de enviar as provas. Bjos!

    Vanessa - DF

    ResponderExcluir
  2. que importa onde barak nasceu, no futuro não haverá mais divisões...um só país ,pacífico e feliz....o mundo é imenso...
    sabemos que os iluminatis armam as farças,pagam mercenários ou falsos terroristas pra agitar e criar guerras a torto e a direito...mas isso vai acabar ,vje no google:
    - divulgando ascensao
    - olharxver
    - sementes estelares

    ResponderExcluir