quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mais sobre o PSDB: um partido blindado e seu moralismo de fachada




           Os movimentos da grande mídia, ao longo dos últimos meses, vêm confirmando um fato mais do que previsível: o senador Aécio Neves será, nas próximas eleições presidenciais, a opção preferencial dos banqueiros, dos latifundiários e do alto empresariado em geral, a começar pelas famílias que controlam aquela mesma mídia.  As estratégias empregadas para alavancar o desempenho do presidenciável tucano se estenderão às esferas locais e regionais, ao longo da campanha eleitoral de 2014, em benefício dos candidatos do PSDB e de seus aliados aos governos estaduais, ao Senado e à Câmara.                      
        A cúpula do tucanato não desconhece que, decorridos quase doze anos desde seu término, a tendência elitizante das gestões de Fernando Henrique Cardoso, suas privatizações repletas de aspectos escusos, e a compressão salarial acompanhada pela má vontade da Receita Federal em reajustar o limite de isenção do Imposto de Renda, entre outras mazelas, ainda constituem elementos que determinam a impopularidade do partido junto a vastas parcelas do eleitorado.  Os apelos de seus marqueteiros ao passado, portanto, tendem a não ir muito além do reforço do mito de que o PSDB eliminou a inflação e de breves aparições televisivas de um FHC posando de estadista em gravações feitas na sala vip de algum instituto liberal.  
         Restará, como principal recurso de uma campanha que, obrigatoriamente, visará a captura dos segmentos mais conservadores da sociedade, a repetição massiva de mensagens centradas no uso responsável do dinheiro público e no combate à corrupção.  Isto já é perceptível nos discursos recentes da maioria dos parlamentares tucanos, que em certos casos podem parecer, ao olhar de incautos que se empolgam demais com palavras, verdadeiras vestais.
        Desta maneira, nos convém investigar um pouco sobre a correspondência (de existência duvidosa) entre a fachada moralista do tucano médio e a vida real; na verdade, penso que este trabalho seria desnecessário, se removida a enorme complacência dos jornais de maior circulação e das principais emissoras de televisão para com o partido emplumado. Retorno à lista dos senadores em exercício pelo PSDB, que, como assinalei em postagem recente, são onze, incluindo Aécio, cuja administração em Minas Gerais merece matéria à parte.  Os nomes de oito de seus companheiros estão ou estiveram associados a graves irregularidades, como se constata, em mais de um episódio, através de  notas esporádicas dos próprios veículos da imprensa burguesa.            
         O empresário Flexa Ribeiro, senador pelo estado do Pará, foi preso pela Polícia Federal na Operação Pororoca, deflagrada em novembro de 2004, sob a acusação de ter participado de licitações fraudulentas.  Podemos vê-lo, na primeira imagem abaixo, detido e recorrendo ao ridículo expediente de ocultar as algemas sob uma revista.    
                              
http://www.otrabuco.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=56932

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) já chegou ao Senado, dia 11 de janeiro último, com a imagem comprometida. Dias antes, no decorrer da chamada Operação Pororoca, ele foi preso pela Polícia Federal com mais 29 políticos, empresários e servidores públicos, acusados de integrar uma quadrilha envolvida em fraudes em licitações públicas.



E sabem quem também foi preso, na condição de dono de uma das empresas que participavam das licitações supostamente fajutas, a Engelplan? O então suplente de senador, e hoje senador pleno pelo PSDB do Pará Flexa Ribeiro. Ele foi algemado, preso e passou 4 dias na cadeia. O inquérito relativo à Operação sumiu no sorvedouro da Justiça.


       O PSDB paraense também é representado no Congresso pelo ex-bicheiro Mário Couto.  Além de figurar como réu em processos relacionados ao desvio de verbas legislativas, recebeu, em consequência de negócios nebulosos, o caricato apelido de Senador Tapioca. Para arremate da obra, não falta uma evidência de comportamento racista, que chegou à Justiça.   



Couto, recorde-se, quando foi presidente da Alepa teve como auditora geral sua filha, Cilene Lisboa Couto Marques, eleita deputada estadual em 2010. Ela foi substituída no cargo por um irmão, outro dos filhos de Mário Couto, também conhecido como Senador Tapioca. Couto assim ficou conhecido após o escândalo da compra de material elétrico em uma empresa que produzia, unicamente, farinha de tapioca. O escândalo foi cunhado de Tapiocouto.

O Ministério Público do Estado do Pará enviou à Procuradoria Geral da República as provas coletadas contra o senador Mário Couto (PSDB) ao longo de mais de um ano de investigação. Couto é acusado de envolvimento em desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa no período em que presidiu a casa. Pelo menos onze processos licitatórios teriam sido fraudados entre os anos de 2004 e 2007. Os desvios somam, segundo cálculos do Ministério Público Estadual, R$ 13 milhões. Também está sob análise na Procuradoria Geral da República a denúncia por racismo e abuso de autoridade feita contra o senador pela assistente-administrativa Edisane Gonçalves de Oliveira, 34 anos. Em depoimento no Pará Edisane acusou o senador de tê-la ofendido chamando-a de “preta”, “safada”, “macaca”,“vagabunda” entre outros palavrões. A assistente-administrativa denunciou Couto e a coligação “Reconstruindo Salinas”, alegando violação do Código Eleitoral ( valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido). A agressão teria ocorrido porque Edisane se recusou a fazer propaganda política do candidato a prefeito apoiado por Couto.

Cícero Lucena Filho, da Paraíba, é outro senador tucano que já frequentou o noticiário policial. Ele foi um dos alvos da Operação Confraria, em julho de 2005.



O secretário de Planejamento e Gestão do governo da Paraíba e ex-prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PSDB), foi preso ontem na Operação Confraria, da Polícia Federal. Outras seis pessoas foram presas e, até o fechamento desta edição, uma sétima negociava sua entrega à PF. A operação foi desencadeada a partir das conclusões de auditorias da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre 13 contratos de obras da Prefeitura de João Pessoa em convênios com a União no total de R$ 50 milhões, que teriam causado prejuízo de R$ 12,4 milhões ao erário.


        O sorridente político que abraça Aécio Neves, à nossa esquerda, é o senador Paulo Bauer, do PSDB de Santa Catarina.  Encontramos com facilidade relatos desabonadores de sua conduta como parlamentar.  




Uma investigação sigilosa da Câmara apura denúncia de que o secretário de Educação e deputado licenciado, Paulo Bauer (PSDB), teria contratado servidores para o gabinete do suplente Acélio Casagrande (PMDB) e repassado o salário a um colega de partido. Em uma gravação de áudio entregue à Casa por um ex-assessor de Casagrande, Bauer menciona o uso de uma mulher como laranja para repassar o salário ao aliado político Fábio Dalonso, ex-presidente da Câmara de Vereadores de Joinville.


Gravações obtidas pelo Congresso em Foco mostram que o deputado licenciado Paulo Bauer (PSDB-SC), atual secretário de Educação de Santa Catarina, manteve controle sobre seus créditos de passagens aéreas mesmo depois que deixou o mandato, em fevereiro de 2007. Os áudios mostram que o parlamentar tentou “fazer negociação” sua cota, pedindo até uma consulta ao um funcionário da administração da Câmara. Depois do evento, diz o próprio Bauer, ele autorizou seu chefe de gabinete a avaliar o processo de venda dos créditos de passagens.


         Moralista indignada, a ponto de assumir posição de proa em campanhas contra a corrupção, a senadora goiana Lúcia Vânia aparentemente é adepta de algum método de esquecimento seletivo.  



A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) é investigada no inquérito 2099 no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime contra a administração pública. O processo teve origem na Justiça Eleitoral e tramita no Supremo desde 2004. 


Seria um Demóstenes de saias? Um inquérito contra a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) suspeita de peculato, foi protocolado há nove anos. Houve sucessivas ampliações de prazo, autorizadas pelo MPF, para a Polícia Federal realizar diligências. O inquérito aguardava manifestação da procuradoria desde setembro de 2010.

       Que dizer, então, do Sr. Cássio Cunha Lima, da Paraíba?  Como governador de seu estado, foi cassado por comprar votos, e só conseguiu garantir a posse no Senado ao se valer do princípio da não-retroatividade, aplicado à Lei da Ficha Limpa.  Nada disto impede que receba o carinho de Aécio Neves e a solidariedade de José Serra.  





O governador teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) sob a acusação de ter distribuído 35 mil cheques a cidadãos carentes durante a campanha eleitoral de 2006, por meio de programa assistencial da Fundação Ação Comunitária (FAC), vinculada ao governo estadual. Segundo a denúncia, os cheques totalizam cerca de R$ 4 milhões. Em seu voto, nesta noite, o relator do processo, ministro Eros Grau, negou o recurso de Cunha Lima, sugerindo a cassação do diploma do governador. “Houve marcante descontrole na distribuição de valores financeiros na proximidade do pleito”, disse Eros. “Há exemplos expressivos nos autos. Pagamento de plano de saúde, festival de repentistas, que não configuram assistência a pessoa em carência extrema”, completou o relator. Todos os demais ministros da Corte seguiram o voto do relator. 


O ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), tomou posse hoje (9) como senador, após ter sua eleição, em 2010, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal. Cunha Lima teve sua eleição barrada pela Lei da Ficha Limpa, mas diante do entendimento do STF sobre a validade da lei, não atingindo as últimas eleições, foi conduzido ao cargo no lugar de Wilson Santiago (PMDB-PB). Cunha Lima teve uma posse rápida, com a presença de diversos representantes de seu partido, como o ex-governador de São Paulo José Serra.


      A respeito de um mestre do moralismo de fachada, o senador Álvaro Dias, eu diria que a amizade com Demóstenes Torres (ver foto) não lhe cai mal.  Além da omissão de informações sobre patrimônio que deveriam ser prestadas à Justiça Eleitoral, pesam contra o paranaense antigas ligações com o doleiro Alberto Youssef.  



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) foi pego em um “deslize”. Apesar de ser um dos mais atuantes dentro do Senado, referência na oposição ao governo do presidente Lula e um dos primeiros a cobrar transparência nas ações políticas, Alvaro deixou de informar à Justiça Eleitoral um patrimônio de cerca de R$ 6 milhões, referentes a saldos bancários e investimentos financeiros. O valor é quatro vezes maior que a soma das informações de bens apresentadas antes da eleição de 2006 pelo senador – R$ 1,9 milhão. A notícia foi divulgada nesta semana pela revista Época.


Doleiro Alberto Youssef já havia fretado jatos para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) em 1998; e, pasme, o serviço foi pago com recursos desviados da prefeitura de Maringá, em 1998, uma investigação na prefeitura de Maringá descobriu que recursos do município foram usados para pagar jatos usados pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) em sua campanha. O responsável pelo fretamento era justamente Youssef o doleiro preso.


        Aloysio Nunes Ferreira, senador pelo estado de São Paulo, também aprecia o papo de pé de ouvido com Aécio.  Mas a conversa flagrada pelo fotógrafo, provavelmente, não foi a mais comprometedora do tucano ex-quercista.  




O ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer entregou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um relatório onde mostra “a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”. Apesar de o relatório ter sido entregue no dia 17 de abril, somente hoje, a informação veio a público, a partir de uma matéria d’O Estado de S. Paulo, dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo.Rheinheimer diz ter provas e dá nome e sobrenome dos políticos tucanos que receberam propinas das empresas do cartel dos trens. Os “propineiros tucanos” fazem parte da Cúpula do PSDB. E essa é a primeira vez que os políticos são nominalmente citados no esquema de corrupção. O ex-diretor esteve à frente da divisão de Transportes da Siemens até março de 2007, sendo que trabalhou por 22 anos na empresa. Ele é um dos seis denunciantes que topou contar tudo o que sabe em troca de redução de possíveis condenações, no acordo de leniência. O documento trazido por Rheinheimer faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), também deputado (PSDB-SP), e Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos). Todos homens fortes do tucanato. Aloysio Nunes estava sendo cotado para ser vice de Aécio. O senador já foi alvo de denúncias em 2010, por sua ligação com Paulo Preto, o homem de confiança dos tucanos paulistas, acusado de sumir com quatro milhões de reais do “caixa 2″ da campanha de Serra.

       O senador Cyro Miranda, tucano de Goiás, não aparece na Internet como pivô de escândalos, salvo a grotesca declaração, proferida em março de 2012, de que tinha pena dos senadores obrigados a viver do salário de dezenove mil reais líquidos.  Mas é relevante a circunstância de ter desembarcado em Brasília como suplente de Marconi Perillo (outro amigo de Aécio), eleito para o governo do estado em 2010.  


O Jornal Nacional, da Rede Globo, informou na edição de terça, 21, que o governador de Goiás, Marconi Perillo(PSDB) será indiciado pela CPMI do Cachoeira junto com 45 outros nomes. Segundo a televisão, o relatório do deputado Odair Cunha(PT) o governador goiano teria cometido seis crimes. O documento deve citar "formação de quadrilha" e "corrupção passiva".

As investigações da Polícia Federal detectaram dois contatos diretos entre Perillo e Cachoeira. Em um deles, o governador fala com o contraventor pelo telefone para lhe desejar parabéns. Era 3 de maio de 2011, aniversário de Cachoeira. Os grampos da Operação Monte Carlo indicam também que Cachoeira controlava indicações políticas no governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo. "A Rosana pode ser um salário de 2 000. A Vanessa é gerência, tá? A Renata é um salário de 2 000, não precisa ser gerência, não. O Édson, cargo de gerência", diz Cachoeira, em um dos grampos, ao ex-vereador Wladimir Garcez. Um relatório mostra que um dos pontos de contato de Cachoeira com o governo era a chefe-de-gabinete de Perillo, Eliane Gonçalves Pinheiro, que teria repassado ao contraventor informações sigilosas sobre investigações policiais. Entre outras questões nebulosas que ligam o governador ao contraventor está a venda de uma casa de Perillo em um condomínio de luxo de Goiânia. Foi nesse imóvel que Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

           
              Divulguem exaustivamente, para que cada vez menos brasileiros queiram conversar com eles.  


Um comentário:

  1. Sempre que posso leio seu blog. Excelente não só esse artigo, mas suas análises históricas.

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