Augusto César Sandino
Creen [los Estados Unidos] en la necesitad, en el derecho bárbaro, como único derecho: ‘esto será nuestro, porque lo necesitamos’. Creen en la superioridade incontrastable de ‘la raza anglosajona contra la raza latina’. Creen en la bajeza de la raza negra que esclavizaron y vejan hoy, y de la india, que exterminan. Creen que los pueblos de Hispanoamérica están formados, principalmente, de indios e negros. Mientras no sepan más de Hispanoamérica los Estados Unidos y la respeten más, - como con la explicación incesante, urgente, múltiple, sagaz, de nuestros elementos y recursos, podrían llegar a respetarla, - ¿pueden los Estados Unidos convidar a Hispanoamérica a uma unión sincera y útil para Hispanoamérica? ¿Conviene a Hispanoamérica la unión política y económica com los Estados Unidos?”
José Martí (1853-1895), em artigo de maio de 1891 sobre a Conferência Monetária
Internacional ocorrida naquele ano em Nova York.
Esta postagem tem relação direta com o texto "Quem são os verdadeiros idiotas latino-americanos" que publiquei em 30 de julho do ano passado.
(http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/2012/07/quem-sao-os-verdadeiros-idiotas-latino.html)
Nestes últimos sete meses e meio, não parece ter arrefecido o ânimo dos milhões de liberais e conservadores latino-americanos que sonham com o alinhamento automático, na economia e na política externa, de seus respectivos países com os Estados Unidos, preferencialmente sob as teses do Partido Republicano. Pelo contrário: muitos deles se mostraram eufóricos com a recente morte do presidente venezuelano Hugo Chávez Frias (1954-2013); alguns já se arriscam a prever as datas em que desmoronarão os governos de tendência nacionalista ou esquerdista existentes na região.
Não tenho a pretensão, que seria bastante tola, de fazê-los virar as costas à sua Meca particular. Apenas trago, para apreciação de um público mais amplo, outros episódios de um relacionamento cujos resultados, em regra, têm prejudicado desde o século XIX a parte que casualmente integramos.
(...)
Esta postagem tem relação direta com o texto "Quem são os verdadeiros idiotas latino-americanos" que publiquei em 30 de julho do ano passado.
(http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/2012/07/quem-sao-os-verdadeiros-idiotas-latino.html)
Nestes últimos sete meses e meio, não parece ter arrefecido o ânimo dos milhões de liberais e conservadores latino-americanos que sonham com o alinhamento automático, na economia e na política externa, de seus respectivos países com os Estados Unidos, preferencialmente sob as teses do Partido Republicano. Pelo contrário: muitos deles se mostraram eufóricos com a recente morte do presidente venezuelano Hugo Chávez Frias (1954-2013); alguns já se arriscam a prever as datas em que desmoronarão os governos de tendência nacionalista ou esquerdista existentes na região.
Não tenho a pretensão, que seria bastante tola, de fazê-los virar as costas à sua Meca particular. Apenas trago, para apreciação de um público mais amplo, outros episódios de um relacionamento cujos resultados, em regra, têm prejudicado desde o século XIX a parte que casualmente integramos.
(...)
A Guerra de Secessão norte-americana (1861-1865) repercutiu expressivamente na vizinha Cuba, ainda sob domínio da Espanha. Cubanos como os irmãos Federico e Adolfo Cavada, engajados no exército nortista, adquiriram a experiência militar que depois utilizariam na luta pela independência da ilha. Outro veterano, o americano Henry Reeve, conhecido como "El Inglesito", alcançaria a patente de general entre os rebeldes cubanos, mesmo após perder a força das pernas logo que desembarcou em Cuba, em um choque armado no qual foi baleado por soldados espanhóis.
Durante a Guerra de Secessão, as autoridades espanholas, que mantinham a escravidão na colônia caribenha, reconheceram os estados escravagistas do Sul como potência beligerante. Baseando-se nesta circunstância recente, o fazendeiro Carlos Manuel de Céspedes (1819-1874), líder que comandou os autonomistas cubanos no início da Guerra dos Dez Anos (1868-1878), solicitou ao presidente americano Ulysses Grant (1822-1885) que também reconhecesse a beligerância de suas forças.
O governo dos Estados Unidos não reconheceu a beligerância do exército de Céspedes. Pelo contrário: vendeu à Espanha canhões e outros armamentos empregados na repressão ao movimento independentista. Exilados chegaram em grande número a cidades como Tampa, Key West, Baltimore, Nova York e Filadélfia, onde pouco podiam fazer além de sensibilizar a opinião pública norte-americana em favor de Cuba.
Na mesma época, ocorreram negociações secretas no sentido de efetivar a venda da ilha aos Estados Unidos pela cifra de cem milhões de dólares. Um dos possíveis envolvidos era Moses Taylor, fundador do National City Bank de Nova York, cuja fortuna derivava principalmente de seus negócios cubanos. A descoberta da tramoia causou enorme escândalo em Madrid. Uma de suas consequências foi o assassinato do general Joan Prim (1814-1870), ex-presidente do Conselho de Ministros de Espanha.
(...)
A intervenção norte-americana foi um elemento constante na História da Nicarágua. Logo em 1854, o aventureiro sulista William Walker (1824-1860), chefiando tropas mercenárias, se valeu de uma situação de guerra civil para tomar o poder. Os nicaraguenses só recuperaram sua autonomia três anos mais tarde. Após a queda de Walker, presidentes conservadores se sucederam em Manágua até 1893, quando uma revolução liberal levou ao governo o general José Santos Zelaya (1853-1919).
Zelaya adotou políticas modernizantes e incentivou o desenvolvimento da cafeicultura, mas se afastou politicamente dos Estados Unidos quando, na escolha da área que deveria dar lugar a um canal entre o Atlântico e o Pacífico, seu país foi preterido em prol do Panamá. Em 1909, tropas norte-americanas desembarcaram na Nicarágua, depuseram Zelaya e devolveram o poder aos conservadores. Com a eclosão de revoltas contra o presidente conservador Adolfo Díaz (1875-1964), houve uma nova ocupação a partir de 1912. Em 1914, os Estados Unidos impuseram à Nicarágua o tratado Bryan-Chamorro, pelo qual o primeiro país adquiria o direito perpétuo de construir um canal no segundo.
Saindo os marines em 1925, recomeçou a guerra civil; no ano seguinte, voltaram os norte-americanos, desta vez obrigados a enfrentar uma guerrilha popular cujo nome mais importante foi o de Augusto César Sandino (1895-1934). A potência ocupante organizou e equipou uma Guarda Nacional que, além de promover o assassinato de Sandino e sustentar por mais de quatro décadas a ditadura da família Somoza, participou da derrubada de Jacobo Árbenz (1913-1971) na Guatemala (1954) e das invasões da Baía dos Porcos em Cuba (1961) e da República Dominicana em 1965.
Em 1977, às vésperas da Revolução Sandinista, 65% dos nicaraguenses eram analfabetos, a expectativa média de vida não passava de 35 anos e a mortalidade infantil atingia o espantoso índice de 200 por mil.
(...)
A intervenção norte-americana foi um elemento constante na História da Nicarágua. Logo em 1854, o aventureiro sulista William Walker (1824-1860), chefiando tropas mercenárias, se valeu de uma situação de guerra civil para tomar o poder. Os nicaraguenses só recuperaram sua autonomia três anos mais tarde. Após a queda de Walker, presidentes conservadores se sucederam em Manágua até 1893, quando uma revolução liberal levou ao governo o general José Santos Zelaya (1853-1919).
Zelaya adotou políticas modernizantes e incentivou o desenvolvimento da cafeicultura, mas se afastou politicamente dos Estados Unidos quando, na escolha da área que deveria dar lugar a um canal entre o Atlântico e o Pacífico, seu país foi preterido em prol do Panamá. Em 1909, tropas norte-americanas desembarcaram na Nicarágua, depuseram Zelaya e devolveram o poder aos conservadores. Com a eclosão de revoltas contra o presidente conservador Adolfo Díaz (1875-1964), houve uma nova ocupação a partir de 1912. Em 1914, os Estados Unidos impuseram à Nicarágua o tratado Bryan-Chamorro, pelo qual o primeiro país adquiria o direito perpétuo de construir um canal no segundo.
Saindo os marines em 1925, recomeçou a guerra civil; no ano seguinte, voltaram os norte-americanos, desta vez obrigados a enfrentar uma guerrilha popular cujo nome mais importante foi o de Augusto César Sandino (1895-1934). A potência ocupante organizou e equipou uma Guarda Nacional que, além de promover o assassinato de Sandino e sustentar por mais de quatro décadas a ditadura da família Somoza, participou da derrubada de Jacobo Árbenz (1913-1971) na Guatemala (1954) e das invasões da Baía dos Porcos em Cuba (1961) e da República Dominicana em 1965.
Em 1977, às vésperas da Revolução Sandinista, 65% dos nicaraguenses eram analfabetos, a expectativa média de vida não passava de 35 anos e a mortalidade infantil atingia o espantoso índice de 200 por mil.
(...)
Adoecendo o general Roberto Eduardo Viola (1924-1994) no final de 1981, os grupos militares que lhe eram contrários instalaram na presidência da Argentina o comandante em chefe do Exército, Leopoldo Fortunato Galtieri (1926-2003). Integrante da linha-dura do regime, Galtieri visitara recentemente os Estados Unidos, sendo bem recebido pelos funcionários do governo Reagan, que buscavam novos aliados para sua política externa então em fase de implementação. O militar argentino, em troca do aval ao seu projeto de poder, prometeu um alinhamento incondicional com os norte-americanos, inclusive nos conflitos da América Central. Contribuindo com armamentos e assessores para a guerra suja naquela parte do continente, o governo argentino conseguiu dos republicanos o fim das sanções impostas pela administração Carter diante das sucessivas violações dos direitos humanos na Argentina.
No começo de abril de 1982, forças argentinas ocuparam as ilhas Malvinas, invadidas pela Inglaterra em 1833. O governo Galtieri calculou erroneamente que diante do fato consumado só restaria a definição de um novo status quo por meio de negociações. Os Estados Unidos, a princípio, buscaram apaziguar os dois aliados. O secretário de Estado Alexander Haig (1924-2010) propôs a retirada militar argentina e o estabelecimento de uma gestão tripartite no arquipélago (incluindo os próprios americanos) como condições para o início do diálogo.
Galtieri tentou pressionar os Estados Unidos acionando a Organização dos Estados Americanos (OEA), onde a Argentina contava com a solidariedade dos demais países latino-americanos. Invocou também o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), antes utilizado pelos norte-americanos para mobilizar seus vizinhos contra o Eixo e contra Cuba. A definição se deu no sentido oposto. Iniciado o ataque britânico contra as ilhas, o governo Reagan abandonou a mediação, enquanto o Senado dos Estados Unidos aprovava sanções contra a Argentina e oferecia apoio logístico à Grã-Bretanha. Em 14 de junho de 1982 a ditadura argentina se viu forçada a apresentar sua rendição, contabilizando mais de 700 mortos e desaparecidos e quase 1.300 feridos.
No começo de abril de 1982, forças argentinas ocuparam as ilhas Malvinas, invadidas pela Inglaterra em 1833. O governo Galtieri calculou erroneamente que diante do fato consumado só restaria a definição de um novo status quo por meio de negociações. Os Estados Unidos, a princípio, buscaram apaziguar os dois aliados. O secretário de Estado Alexander Haig (1924-2010) propôs a retirada militar argentina e o estabelecimento de uma gestão tripartite no arquipélago (incluindo os próprios americanos) como condições para o início do diálogo.
Galtieri tentou pressionar os Estados Unidos acionando a Organização dos Estados Americanos (OEA), onde a Argentina contava com a solidariedade dos demais países latino-americanos. Invocou também o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), antes utilizado pelos norte-americanos para mobilizar seus vizinhos contra o Eixo e contra Cuba. A definição se deu no sentido oposto. Iniciado o ataque britânico contra as ilhas, o governo Reagan abandonou a mediação, enquanto o Senado dos Estados Unidos aprovava sanções contra a Argentina e oferecia apoio logístico à Grã-Bretanha. Em 14 de junho de 1982 a ditadura argentina se viu forçada a apresentar sua rendição, contabilizando mais de 700 mortos e desaparecidos e quase 1.300 feridos.
Referências:
José A. Benítez. El pensamiento revolucionario de hombres de nuestra América. La Habana: Editora Política, 1986.
Manuel Moreno Fraginals. Cuba/Espanha, Espanha/Cuba: uma história comum. São Paulo: Edusc, 2005, p. 300 a 306.
Jean Sellier. Atlas des peuples d'Amérique. Paris: La Découverte, 2006, p. 154.
Héctor H. Bruit. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988, p. 92 a 94.
Jean Sellier. Atlas des peuples d'Amérique. Paris: La Découverte, 2006, p. 154.
Héctor H. Bruit. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988, p. 92 a 94.
Luis Alberto Romero. História contemporânea da Argentina. Rio de Janeiro; Zahar, 2006, p. 217 a 223.
Os EUA têm de tirarem da "Cabeças deles" que somos um quintal para eles brincarem com os Sul- Americanos.
ResponderExcluirVivemos outros tempos não aceitamos mais a interferência americana em nossos países quanto mais cedo ELES reconhecerem isto será melhor para AMBAS AS PARTES....
Toda a América Latina teve sempre esta interferência americana com o uso da força militar ou do dinheiro do Grande Irmão do Norte sobre quase todos os países da região para que a Doutrina "A América para os Americanos" sempre predomina-se. Mais esta "AMÉRICA" é nossa nos pertence por DIREITO não é dos Americanos do Norte tirem as MÃOS de NOSSA AMÉRICA assim viveremos em PAZ e RESPEITO a nossa INDEPENDÊNCIA é primordial!!!.