O pequeno burguês conservador fica indignado com o "desrespeito aos direitos individuais"quando um prefeito ou governador eleito por 60% ou até 70% dos votantes, com o respaldo do Legislativo, estabelece áreas interditadas ao fumo, mas acha perfeitamente normal que um único homem, presidente de um banco ou de uma indústria, crie regras absurdas para centenas ou milhares de funcionários no que se refere à própria aparência física deles, com base apenas em preconceitos pessoais.
O pequeno burguês conservador esbraveja quando sabe pelo Jornal Nacional que um cacique caiapó impediu a entrada de uma equipe de reportagem em sua aldeia, mesmo que se trate de área indígena demarcada há várias gerações, mas julga inteiramente legítimo que um latifundiário mande abrir fogo contra qualquer ser que ultrapasse sua porteira sem convite.
O pequeno burguês conservador aplaude a execução de bandidos que já haviam se rendido à polícia, a tortura de presos, o uso indiscriminado de força bruta contra populações faveladas e outros expedientes típicos de governos coloniais ou ditaduras das mais truculentas, mas nunca deixa de se dizer democrata e de chamar de totalitário, quando não de fascista, todo aquele que ousa desconsiderar suas baboseiras liberalóides.
O pequeno burguês conservador idealiza uma sociedade com mão de obra barata e dócil, mas decreta em todas as festas familiares que "as metrópoles têm paraíbas demais e o povo está ficando baixinho e feio".
O pequeno burguês conservador repele os programas de transferência de renda e os subsídios para a habitação dos pobres, mas quer que o aparato repressivo estatal detenha a favelização.
O pequeno burguês conservador tem o hábito de desvalorizar a cultura universitária, chamando os acadêmicos de diletantes, subversivos ou improdutivos, mas não abre mão de demarcar seu status de bacharel.
O pequeno burguês conservador idealiza uma sociedade com mão de obra barata e dócil, mas decreta em todas as festas familiares que "as metrópoles têm paraíbas demais e o povo está ficando baixinho e feio".
O pequeno burguês conservador repele os programas de transferência de renda e os subsídios para a habitação dos pobres, mas quer que o aparato repressivo estatal detenha a favelização.
O pequeno burguês conservador tem o hábito de desvalorizar a cultura universitária, chamando os acadêmicos de diletantes, subversivos ou improdutivos, mas não abre mão de demarcar seu status de bacharel.
O pequeno burguês conservador não cabe em si de prazer quando governos de países da União Europeia em dificuldades financeiras criam novas barreiras contra a imigração de árabes, africanos, afrocaribenhos e mesmo latino-americanos, mas como bom colonizado gostaria imensamente que o Brasil abrigasse as massas de desempregados daqueles mesmos países, "para nos civilizar".
O pequeno burguês conservador é de opinião que sindicatos e organizações populares ferem os princípios da livre concorrência e não deveriam existir, mas nunca diria o mesmo de federações empresariais e organizações classistas da alta burguesia.
O pequeno burguês conservador protesta contra "doutrinadores comunistas disfarçados de professores de História e Geografia", mesmo que não conheça nenhum, mas dá crédito à revista Veja e outras publicações panfletárias de udenistas tardios. Nos casos mais graves, consome todo o repertório de Ali Kamel e Leandro Narloch e ainda compra vários exemplares de cada livro para "presentear" os parentes.
O pequeno burguês conservador cultiva todos os preconceitos possíveis de classe, etnia, origem regional, orientação sexual e estética, mas se considera um oprimido pelas minorias organizadas que adoraria poder desmobilizar.
O pequeno burguês conservador é favorável ao endurecimento do sistema prisional e das leis penais, mas rejeita o fim do instituto da prisão especial, mesmo sabendo que portadores de diplomas de nível superior têm muito mais oportunidades econômicas do que os pouco instruídos, e em tese nenhuma necessidade de delinquir.
O pequeno burguês conservador protesta contra "doutrinadores comunistas disfarçados de professores de História e Geografia", mesmo que não conheça nenhum, mas dá crédito à revista Veja e outras publicações panfletárias de udenistas tardios. Nos casos mais graves, consome todo o repertório de Ali Kamel e Leandro Narloch e ainda compra vários exemplares de cada livro para "presentear" os parentes.
O pequeno burguês conservador cultiva todos os preconceitos possíveis de classe, etnia, origem regional, orientação sexual e estética, mas se considera um oprimido pelas minorias organizadas que adoraria poder desmobilizar.
O pequeno burguês conservador é favorável ao endurecimento do sistema prisional e das leis penais, mas rejeita o fim do instituto da prisão especial, mesmo sabendo que portadores de diplomas de nível superior têm muito mais oportunidades econômicas do que os pouco instruídos, e em tese nenhuma necessidade de delinquir.
O pequeno burguês conservador finge acreditar que o atual Estado de Israel é a restauração de um reino subjugado pelos romanos há quase dois milênios e que qualquer concessão territorial aos "palestinos terroristas" é um extraordinário ato de liberalidade, mas quase morre de ódio quando vê indígenas andinos, despojados de governo próprio há "só" cinco séculos e que nunca deixaram as regiões de origem, pretendendo ter suas línguas oficializadas pelo Estado e fundar instituições segundo seus parâmetros culturais.
O pequeno burguês conservador classifica o chavismo como uma ditadura, mas aberta ou envergonhadamente lamenta que o golpe promovido pela Fedecámaras (nome bastante sugestivo em português) em 2002 tenha fracassado.
O pequeno burguês conservador vota em ACM Neto, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro, eventualmente enviuvou de Enéas Carneiro, mas raramente se assume como direitista. Ele é "contra o projeto das esquerdas".
O pequeno burguês conservador classifica o chavismo como uma ditadura, mas aberta ou envergonhadamente lamenta que o golpe promovido pela Fedecámaras (nome bastante sugestivo em português) em 2002 tenha fracassado.
O pequeno burguês conservador vota em ACM Neto, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro, eventualmente enviuvou de Enéas Carneiro, mas raramente se assume como direitista. Ele é "contra o projeto das esquerdas".
O pequeno burguês conservador é radicalmente contra medidas de ação afirmativa, mas
jamais lhe ocorreu que um sistema meritocrático passaria, no mínimo,
pela universalização da pré-escola e de políticas de habitação e saúde
merecedoras destes nomes.
O pequeno burguês conservador reclama de todos os impostos, mas não se revolta por entregar vinte ou trinta reais por mês a um banqueiro pela simples honra de hospedar sua conta salário. Também simula satisfação ao pagar pedágio a governos estaduais de direita.
O pequeno burguês conservador reclama de todos os impostos, mas não se revolta por entregar vinte ou trinta reais por mês a um banqueiro pela simples honra de hospedar sua conta salário. Também simula satisfação ao pagar pedágio a governos estaduais de direita.
A mentalidade do pequeno burguês conservador é um imenso estorvo para a sociedade!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirProf.Gustavo, vc colocou em seu artigo brilhantemente a mentalidade retrógrada e preconceituosa desses conservadores burgueses, parabéns!
ResponderExcluirPoderia ter acrescentado que eles enaltecem, à Adam Smith, a cobiça e egoísmo de empresários e profissionais bem pagos, mas acham que caminhoneiros, funcionários públicos e bancários não devem fazer greve pois não têm o direito de colocar suas pretensões salariais à frente do interesse da população.
ResponderExcluirQue texto mais pequeno-burguês... ZzZzZzZz
ResponderExcluirPequena, sem dúvida, era a sua atividade mental quando "redigiu" o comentário.
ExcluirAssim como pequena é a sua contribuição para a sociedade, valendo-se do funcionalismo público para praticar ócio (muito pouco) criativo. Go find a real, decent job!
ExcluirDivirto-me com "comentaristas" de imaginação fértil que "sabem" o quanto tenho de atividade ou de ócio talvez a milhares de quilômetros de distância. Diante da provocação insistente, faço uso da minha própria capacidade de fantasiar, que ao contrário do que você pensa nada tem de pequena. Suponho que estou lidando com um desempregado crônico, que me recomenda o que na verdade tem preguiça de fazer.
ExcluirDe resto, só lamento o quanto vejo difundido o neoliberalismo de botequim, bem definido por Hobsbawn como "anarquismo de classe média baixa", segundo o qual a sociedade pode se manter sem serviço público, e estendo à sua pessoa a ordem da bela Kelly Key ao namorado-cachorro: Sentado! Calado!
O intelectual dos burgas beatos é Reinaldo Azevedo, o capacho do Civita Rsrs!
ResponderExcluirMuito bom esse texto, não conhecia seu blog, vou acompanhar agora.
ResponderExcluirAvante Brasi! rumo ao socialismo.