quarta-feira, 24 de abril de 2013

Neocons brasileiros: nas fronteiras do fascismo

          

         Um dos expedientes mais demagógicos, porém exaustivamente empregado pelos publicistas de direita brasileiros, é o de buscar vincular ações e programas das organizações de tendência progressista a patrocinadores e/ou inspiradores ideológicos estrangeiros.  Nesta linha, a demarcação de terras e as tentativas de assegurar direitos econômicos às populações indígenas são associadas a uma malévola tramoia internacional cujo objetivo seria cancelar a soberania nacional sobre determinadas fatias do território, notadamente na Amazônia.  Tal discurso, com décadas de tradição retórica e nenhuma comprovação no mundo material, vez por outra emerge nos panfletos virtuais como a última descoberta da contra-espionagem contra-revolucionária.  A exigência de igualdade de oportunidades por parte dos movimentos negros, a seu turno, é apontada com frequência por militantes conservadores sofrivelmente alfabetizados como uma mera pretensão de copiar as medidas de affirmative action adotadas nos Estados Unidos.  Os gurus desta militância, entretanto, sabem que as lutas dos negros brasileiros por tratamento igualitário em suas relações sociais, políticas e econômicas remontam a processos tão distantes no tempo quanto a organização da Guarda Nacional do Império na década de 1830 e a Conjuração Baiana de 1798.       
       Não me proponho, no momento, à desconstrução detalhada das fraudes indicadas, a despeito da irritação que, admito, me provocam.  Prefiro voltar as peças de artilharia para outra direção e, como se diz popularmente, fazer o macaco olhar para o próprio rabo.  Mostrar que a nova direita brasileira não apenas carece de originalidade como revela com enorme clareza seu parentesco sempre negado com o velho fascismo.  Para isto recorro a um exercício simples e na minha perspectiva até divertido, iniciado pela leitura do projeto político do partido francês Front National, fundado por Jean-Marie Le Pen, que constitui uma das principais forças políticas classificadas como criptofascistas pela imprensa europeia especializada no tema.  

http://www.frontnational.com/le-projet-de-marine-le-pen/

      Segundo o historiador Robert O. Paxton, os adeptos do Front National, como os de outras organizações de extrema direita do continente, resgatam diversas bandeiras do fascismo clássico: "medo da decadência e do declínio; afirmação da identidade nacional e cultural; a ameaça à identidade nacional e à ordem social representada por estrangeiros inassimiláveis; e a necessidade de uma autoridade mais forte para lidar com esses problemas"¹.  Vejamos como reuniriam, sem dificuldade, pregadores e seguidores no Brasil:

O Front National defende não apenas a extensão da maioridade penal aos maiores de treze anos, como também a supressão dos benefícios sociais concedidos aos pais dos infratores reincidentes.   



Numa hipotética cruzada planetária, os lepenistas certamente contariam com o inflamado Reinaldo Azevedo, ainda que este, numa primeira etapa, talvez se contentasse em enviar aos presídios somente os maiores de dezesseis. 

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/maioridade-penal/



Mais ambicioso, talvez pela pouca idade, Carlos Bolsonaro acrescentaria à "maioridade precoce" medidas no sentido de evitar o nascimento de indesejáveis.

http://www.carlosbolsonaro.com.br/perfil.html



Onyx Lorenzoni, parlamentar do DEM, reivindica para si um papel de destaque na questão, desmentindo os que se dizem órfãos de uma direita autêntica no Congresso. 

http://blogdoonyx.wordpress.com/2013/04/17/emancipacao-penal-uma-alternativa-para-menores-assassinos/



Marine Le Pen, filha e herdeira política do fundador do Front National, se opõe por princípio a qualquer ampliação dos direitos civis dos homossexuais.



Em Brasília ou em Paris, disporia da solidariedade da Juventude Conservadora da UnB, que não se contenta em ser contra o casamento gay.  Pretende, apesar de formada por simples graduandos (não necessariamente de Direito), teorizar sobre constitucionalidade.    

http://unbconservadora.blogspot.com.br/search/label/fam%C3%ADlia


A caricata aliança logo empolgaria Nivaldo Cordeiro, um incompreendido arauto da tese da conspiração gramsciana contra a família tradicional. 

http://www.nivaldocordeiro.net/aloucuradoespirito




Indo mais além, Julio Severo sugere às suas ovelhas até a possibilidade de martírio na defesa dos "valores inegociáveis". 


http://juliosevero.blogspot.com.br/2013/02/marina-silva-amarela-em-questao-de.html


Questões como “casamento” gay e aborto são, para os seguidores de Jesus Cristo, inegociáveis. Quer o nazismo ou o comunismo imponham esses valores estatais sobre a sociedade, a defesa do verdadeiro casamento e da vida é missão do cristão. Ele não defenderia o tal “casamento” gay, ou adoção de crianças por duplas gays, ou o aborto nem que isso lhe custasse a vida. Evidentemente, os valores inegociáveis de um militante de ideologia marxista não são os mesmos valores inegociáveis de um seguidor de Jesus Cristo.

Não causará surpresa aos leitores a alternativa plebiscitária entre pena de morte e prisão perpétua inscrita no programa do partido dos Le Pen.


Aqui, ao menos, a direita tupiniquim (sem dúvida bem menos europeia do que gostaria) pode alegar uma certa autonomia.  Afinal, no início da década de 1990 uma das criaturas mais abomináveis da então recém-falecida ditadura civil-militar, o deputado federal Amaral Netto (1921-1995), já se batia com ardor pela "causa".

http://penademorteja.wordpress.com/category/pensamento/amaral-netto/




No ano passado, o Grupo Guararapes, integrado por simpatizantes daquele regime, recebeu espaço no blog Libertatum para advogar a pena de morte.  Não faço pouco caso da argumentação tosca, ao estilo Alborghetti.  Como afirmou Mussolini, "o espírito fascista é emoção, não intelecto".


http://libertatum.blogspot.com.br/2012/08/uma-bandeira-inserida-em-uma-proposta.htm



Naturalmente, Jair Bolsonaro, talvez o maior ídolo dos reacionários de todas as idades, se manifesta em sentido idêntico.  Na mesma entrevista, aproveita as chances de defender a tortura contra criminosos comuns e fazer uma apologia da chacina do Carandiru.  

Pena de morte é a solução?

Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.
A polícia agiu corretamente no Carandiru? 

Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.
Isto inclui tráfico de droga?

Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.


Suspendo por aqui a exibição do circo dos horrores.  Sei que, com exceção de um punhado de skinheads, nenhum direitista passará recibo de suas afinidades doutrinárias com os fascistas, ainda que diante de milhares de exemplos.  Mas ficarei satisfeito se fizer com que algumas centenas de pessoas percebam o quão tênue e imprecisa é a fronteira entre o conservadorismo tradicional, sobretudo em suas visões mais truculentas, e o fascismo.    


Nota:

1-A anatomia do fascismo.  São Paulo: Paz e Terra, 2007, p. 304.


22 comentários:

  1. Criar um raciocínio acidental com entre um conceito chinfrim e supostos exemplos é desonestidade, meu caro. Fica a dica. ;)

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  2. Por que supostos? Alguma das afirmativas tem paternidade desconhecida? Qual é o conceito chinfrim, fascismo? Caso seja, avise aos milhares de "idiotas" que se especializam no tema todos os anos. Conservadores bitolados não estão proibidos de comentar, antes acabam reforçando o que digo, mas quando vier aqui pelo menos disfarce a sua raivinha. "raciocínio acidental"? "com entre um"? Não se exalte, Felipe, mas a julgar pela amostra eu diria que você escreve como um legítimo rábula, um advogado de porta de cadeia ou talvez um dos solicitadores do foro do século XIX, que só tinham as primeiras letras.

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    1. Acho que preciso começar com um reparo ao meu comentário anterior: não há, a rigor, absolutamente nenhum conceito apresentado. Só notei isso agora. Mea culpa.

      A tese do texto é: o National Front francês possui características fascistas; ora, os “neocons” brasileiros possuem opiniões semelhantes; logo, os “neocons” brasileiros beiram o fascismo. No entanto, que demonstrações são oferecidas ao leitor para que o estabelecimento dessa tese seja feito? Aparentes convergências pontuais, como a redução da maioridade penal, cuja relação não é formalmente estabelecida, entre as quais nenhum nexo causal é comprovado. Induzir o leitor a pensar que A é igual a B sem demonstrar efetivamente que A é igual B, chama-se raciocínio por acidente.

      O fascismo possui três bandeiras inseparáveis: ultra-nacionalismo, revolução e renascimento (vide Cyprian Blamires, “World Fascism”). Em todos os movimentos de caráter fascista, vemos as seguintes idéias: 1) o homem vive em um estado profundo de degeneração e decadência advindo dos padrões morais, sociais e culturais da atualidade; 2) esse estado geral só pode ser revertido através da construção de um novo homem que ultrapasse os paradigmas decadentes; 3) essa construção se dá através de um caminho revolucionário, uma vez que o próprio regime está corrompido; 4) essa construção de uma nova ordem deve começar no seio de uma coletividade tida como sagrada e superior, seja ela baseada em raça/etnia ou nacionalidade.

      Associar essas idéias aos “neocons” – aliás, termo empregado não como uma categoria política definida, mas como um termo depreciativo e pejorativo (uma vez que duvido que você tenha lido Irving Kristol ou outros pensadores neoconservadores) – mostra apenas que você não entende nem de fascismo, nem de conservadorismo. O conservadorismo não possui, nem de longe, qualquer tendência ao pensamento coletivista, uma vez que seu foco sempre foi o indivíduo – o que é abundantemente estabelecido em uma tradição escritores que abrange, no mínimo, três séculos (desde Edmund Burke até Russell Kirk). O conservadorismo surgiu, enquanto filosofia política, como uma reação (daí a origem de “reacionário”) a movimentos revolucionários, notadamente a Revolução Francesa. O conservadorismo não enxerga a degeneração do homem como um efeito necessário da moral – ou seja, causada pela moral –, mas, ao contrário, conseqüência da desconstrução da moral.

      Essa mania pueril de chamar a tal “direita” – um termo extremamente vago e impreciso, como bem lembra Gustavo Corção – de “fascista” tem origem nos métodos de agitação e propaganda do comunismo soviético, não em uma categorização científica que respeite padrões epistemológicos mínimos. E é simplesmente digno de pena alguém que se contenta em repetir baboseiras ideológicas sob um falso verniz de rigor acadêmico. Isso já é esperado, uma vez que é o paradigma acadêmico aqui e alhures, mas não deixa de ser lamentável.

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  3. Registro em primeiro lugar que a organização se chama Front National e não National Front. Pura formalidade que nada acrescenta ou subtrai do conteúdo, mas parece revelar uma certa exaltação do comentarista, ou talvez a pressa em dar conta de uma agenda de "refutações" de textos que não foram lidos com a devida atenção. Mas, como sua agenda obviamente não me diz respeito, vamos ao essencial.
    Eu poderia, além dos pontos já exibidos, mostrar muitas outras semelhanças entre o maior partido da extrema direita francesa e os publicistas e militantes conservadores brasileiros. Entretanto, como estou escrevendo em um blog, devo adaptar cada matéria ao formato específico deste tipo de veículo. Nenhum leitor se daria ao trabalho de ler, digamos, duzentas colagens consecutivas de páginas alheias. Mas sustento minha afirmativa de que os indivíduos e organizações mencionados se alinham, no essencial, com a maioria das teses do lepenismo. Como passei a contar com o seu inesperado incentivo, talvez produza, se o tempo disponível me permitir, novas séries comprobatórias. Por outro lado, como se mostrou tão indignado, penso que seria conveniente para Felipe Melo tentar provar o oposto.
    Reconheço sua razão parcial em um item, o uso não acadêmico da categoria neocon. Faço porém duas ressalvas: 1)A palavra aparece somente no título, elemento que obrigatoriamente comporta uma redução, que por sua vez é fatalmente empobrecedora. Busquei um termo alternativo ao surrado "direitistas" para congregar personalidades muito díspares e talvez não tenha sido, de fato, a melhor escolha. 2)O alvo da maior parte das minhas críticas, nesta postagem, são efetivamente os adeptos das leituras "modernas" do conservadorismo e nem tanto uma direita "genérica".

    (continua)

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  4. Todavia, se Felipe Melo não hesita em me acusar de generalizações impróprias, também comete as suas, e como! Ele alega que faço coro à mania nacional de chamar direitistas, indistintamente, de fascistas, quando seria inútil procurar em todo este blog uma mera insinuação de que "todo direitista é fascista", ou mesmo um mais restrito "conservadores são fascistas". Aliás, o próprio Felipe, antes da precipitada conclusão, descreve o meu método como uma demonstração de semelhanças entre um partido de "características fascistas" e a direita brasileira, o que não implica, salvo excesso de imaginação, na adoção da sentença "A direita brasileira é fascista".
    A propósito, eu me arriscaria a dizer que um brasileiro de direita, apesar das aproximações com certos aspectos do fascismo, dificilmente será um fascista no sentido estrito. Enxergo nisto, todavia, mais os defeitos destes brasileiros do que os dos fascistas originais. O mussoliniano das décadas de 20 e 30, a despeito da barbárie e da recusa à razão, possuía uma visão positiva do povo e da cultura da Itália. O direitista brasileiro, embora seja tão ou mais elitista do que aquele, em regra se vê como uma pequena ilha de civilização em meio a um mar de selvagens. A categoria "povo", entre liberais e conservadores do Brasil, mais até do que entre os skinheads, remete às piores imagens possíveis.
    Retornando ao centro da argumentação, não faz qualquer sentido o triunfalismo de Felipe Melo ao bradar que nada entendo do tema por não ter me reportado a certas características da ideologia fascista. Desde o início da postagem, registrei que estava dialogando com Robert Paxton no que se refere a um eixo (sem trocadilho) específico de semelhanças entre o fascismo e a extrema direita contemporânea.
    Corremos o grave risco de cair em uma espécie de diálogo de surdos caso Felipe Melo insista em bater na tecla de que parto do princípio de que conservadores e fascistas são idênticos. Isto parece evidente quando o futuro bacharel, mais uma vez no êxtase da proclamada vitória, me "refuta" declarando que o conservadorismo não tende ao coletivismo. Infelizmente, a única pergunta (ou resposta)que me cabe é a seguinte: onde afirmei (ou insinuei) o contrário? Aproveitando a oportunidade, o engessamento do fascismo na interpretação de Cyprian Blamires soa meio ... fascista.

    (continua)

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  5. Os comentários já excederam em muito o tamanho do texto original, mas ainda é preciso assinalar uma certa incoerência de Felipe Melo ao depreciar o "paradigma acadêmico" brasileiro sem renunciar à Academia. Temos aqui um recibo involuntário do melhor elitismo autoritário tupiniquim, uma tendência a se autoidentificar como maçã boa em cesto apodrecido, sem que saibamos o porquê.

    Concluo, em atenção aos que se prendem mais às aparências do que ao concreto, apresentando o balanço de outro especialista, Martin Blinkhorn, a respeito das perdas e ganhos do fascismo:

    "Já foram apontados os principais beneficiários: os industriais bem instalados, os proprietários de terras e os capitalistas agrários, cujos produtos eram protegidos e cujos encargos salariais eram contidos pela política laboral do fascismo. Entre o controlo [sic] da inflação em 1925-26 e o seu regresso no fim dos anos 30, os elementos da pequena burguesia urbana também tinham algumas razões para estarem satisfeitos:as burocracias em expansão do estado e do Partido ofereciam oportunidades de emprego e um status mesmo durante a depressão, ao mesmo tempo que o esmagamento das organizações operárias lhes permitia gozar duma segurança tranquilizante."

    Em: Mussolini e a Itália fascista. Lisboa: Gradiva, p. 58.

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  6. Acho que não me fiz compreender direito. Mea culpa novamente! Vamos ver se, dessa vez, eu consigo.

    A técnica do "raciocínio por acidente" é fundamentalmente dúbia e tem por objetivo não informar, mas tão-somente manipular. De fato, em nenhum momento você afirmou formal e categoricamente que a "direita" ou os conservadores brasileiros sejam, todos eles, fascistas: mas você induz a isso. Como? Justapondo as idéias de fascismo, lepenismo e conservadorismo. Seu texto não visa a informar sobre uma realidade, muito menos a apresentar fortes evidências de coisa alguma: ele tem por objetivo associar acidentalmente a idéia de que os conservadores brasileiros, através dos exemplos utilizados em seus textos, "resgatam diversas bandeiras do fascismo clássico". O prof. Pascal Ide explica como isso funciona:

    "- primeiro, a alusão, o vínculo frouxo, e geralmente acidental, estabelecido entre a pessoa de que fala o texto e um outro elemento qualquer;
    - a seguir, uma forte carga emotiva negativa associada ao segundo elemento." (IDE, Pascal. "A arte de pensar". São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 44)

    Repito o que você não refutou: não há, em qualquer linha do texto, nenhum nexo causal entre conservadorismo e fascismo, ainda que esse seja o próprio teor de seu texto. Aliás, seus comentários adicionais não refutaram nada do que eu disse. Tudo permanece exatamente como está. A única coisa em que você realmente se debruçou foi em tentar me atingir, nem sequer apreciando o mérito dos argumentos que ofereci. O que, volto a repetir, é lamentável.

    Ah, e mais uma coisa: não precisa responder a mim como se eu fosse uma figura hipotética. Pode se dirigir a mim, assim como eu me dirijo diretamente a você. Ao se excluir esse pedantismo infantil, o texto fica menos desagradável.

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  7. Felipe Melo matou a pau! ...o cara do blog ta procurando o rumo de casa ate agora kkkkkkkkk

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    1. Uma das características mais engraçadas dos movimentos neocons, pelo menos no Brasil, é essa tendência de formar claques. Felizmente vejo outro perfil real. Chato seria se Felipe Melo tivesse uma tropa de fakes de apoio, como a Condessa Rachel! De resto, ô Igor, dê uma voltinha pelo Programa Brasil Alfabetizado. Ainda é tempo!

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  8. Ora, Felipe, sua postura vitimista (também tenho o direito de usar o clichê) não convence: logo na primeira frase do primeiro comentário você me chamou de desonesto. Não faz o menor sentido, portanto, reclamar das observações depreciativas que recebeu em troca. O protesto contra o emprego da terceira pessoa também é tolo. Como escrevo no meu blog, que bem ou mal tem um certo número de leitores assíduos, não devo me comportar como se estivesse numa conversa reservada. Além disto, se você inseriu um perfil com nome, sobrenome e foto, todos calcularão que se trata de uma pessoa de carne e osso, ainda que talvez insegura quanto à própria significância, e não uma "figura hipotética".
    Mas retornemos ao cerne de uma discussão que já ficou monótona, na medida em que você já retirou sua "acusação mais grave", a de que eu teria classificado todos os direitistas como fascistas. Quanto a isto, não adianta jogar para a plateia simulando que disse outra coisa: no segundo dos seus comentários está registrada a minha "atitude pueril" por fazer (apenas na sua fértil imaginação, é claro) exatamente tal associação. Infantil, pois, não é o meu presumido pedantismo, e sim a sua atitude de sapatear reivindicando o sucesso das suas "teses" enquanto constrói jogos de palavras ridículos e trabalha com hipóteses contraditórias.

    (continua)

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  9. Sou praticamente forçado a me apropriar da citação do seu último comentário para reconhecer que nossa discussão possui, de fato, uma forte carga emocional: a sua. Não há outra explicação para a forte insistência em apontar altas doses de maquiavelismo numa postagem na qual eu apenas indiquei um punhado de óbvias afinidades de discurso entre o partido "criptofascista" francês e várias personalidades representativas da direita brasileira. É lógico que somente um limítrofe ou retardado concluiria a partir do exposto que todo conservador é fascista, no que já conseguimos concordar. Por outro lado, realmente deixei no ar uma mensagem não explícita, que possivelmente é o foco do seu incômodo: "Como é fácil empurrar um conservador para o fascismo, com tantos propósitos em comum"!
    Sintomaticamente, apesar de escrever muito e com combatividade você não dialogou com o breve trecho de Blinkhorn, cujo conteúdo é mais relevante do que tudo que dissemos até agora: apesar de todas as diferenças de forma, o fascismo atende, a grosso modo, aos mesmos interesses de classe contemplados pelo conservadorismo "respeitável".

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    1. É, estou vendo que vai ser mais fácil arrancar leite de pedra do que conseguir uma discussão séria e madura com você. Acho que eu devia ter ouvido antes o conselho de Mário Ferreira dos Santos:

      “Evita as longas discussões, sobretudo com pessoas dispersas, que juntam argumentos sobre argumentos, sem ordem e sem disciplina, misturando juízos apenas de gosto com algumas pseudo-idéias mal-formadas e mal-assimiladas. Evita essas discussões que não são em nada benéficas.

      Se não for possível conduzir o colóquio com alguém em boa ordem, segundo boa lógica, cuidadosa e organizada, é preferível que te cales. Sempre sê disciplinado no trabalho mental. Essa é a regra importante, e nunca ceder às vagabundagens do pensamento em conversas diluídas, dispersas, em que se fala de tudo e não se fala de nada.”

      Pelo visto, a síndrome do pombo enxadrista é muito mais abundante do que se supunha.

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    2. A primeira afirmativa é simplesmente irretocável. Não se pode, de fato, ter um diálogo maduro quando vejo do outro lado um garoto que resolveu postar o link de um blog que comentou na página do Facebook que mantém para posar de candidato a guru entre os amigos e depois se sente obrigado a salvar a própria vaidade querendo dar a última palavra.
      Percebeu, Felipe, que desde o início você tenta "desmascarar" o meu método, muito heterodoxo sem dúvida, até porque matérias de blog não são comunicações acadêmicas, mas não se detém sobre nenhum dos tópicos do artigo? De certa maneira, fica a impressão de que nenhuma das associações que fiz é passível de contestação da sua parte, embora você não goste do conjunto da obra por razões ideológicas. Ao invés de repelir as conexões expostas entre conservadorismo e fascismo, prefere a brincadeira de tentar me enquadrar em alguma categoria erística bizarra.
      Por fim, já que muitas coisas são realmente ligadas ao gosto, sei que Mario Ferreira dos Santos figura como um santo querido no panteão conservador, peço desculpas adiantadas pela blasfêmia, mas a surrada citação que colou aqui é ridícula. Ela está para a Filosofia assim como o "bundamar, bundamel, bundalis" de Carlos Drummond de Andrade para a Literatura. Parece um conselho do monge cego da velha série Kung Fu para o pequeno Gafanhoto, num dia em que o roteirista estava com a imaginação em baixa.

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  10. "Sei que, com exceção de um punhado de skinheads, nenhum direitista passará recibo de suas afinidades doutrinárias com os fascistas, ainda que diante de milhares de exemplos. Mas ficarei satisfeito se fizer com que algumas centenas de pessoas percebam o quão tênue e imprecisa é a fronteira entre o conservadorismo tradicional, sobretudo em suas visões mais truculentas, e o fascismo."

    "...na medida em que você já retirou sua "acusação mais grave", a de que eu teria classificado todos os direitistas como fascistas."

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    1. Sim. Exemplo: o franquismo tinha muitas afinidades doutrinárias com o fascismo, mas o regime franquista, tecnicamente falando, não era fascista segundo a maioria dos especialistas. Agradeço por reforçar o que eu disse.

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  11. Mais assustador ainda é a defesa do banditismo da forma como esse Gustavo Moreira expõe. Talvez para ele a vítima dos bandidos seja o bandido e o bandido, a vítima. Como é bom ter mais um exemplo de inversão de valores para mostrar ao público o que os revolucionários defendem na prática.

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    1. ???
      Constatar que direitistas franceses e brasileiros tendem a simpatizar com a pena de morte é defender bandidos? Sua tese de que para mim a vítima é o verdadeiro algoz tem tanta sustentabilidade quanto alguém afirmar que você, só porque usa esse nome viking, é fã do terrorista Anders Breivik.

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    2. Não existe meio termo: a pena de morte já está aprovada. A diferença entre um conservador e um revolucionário é que o primeiro apoia a pena de morte para os bandidos (que aliás, muito bem merecidas já que suas principais vítimas são cidadãos de bem, produtivos e pacatos da sociedade), e o segundo apóia a pena de morte ao cidadão pacato ao defender penas leves ou inexistentes que nenhuma diferença fazem àqueles que não tem nenhuma compaixão pelo semelhante, mas buscam através da violência deixar sua marca no mundo.

      Curioso que a pena de morte é defendida muito mais pelos comunistas: "Fuzilamos e seguiremos fuzilando enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta até a morte." Discurso na Assembléia-Geral da ONU, em 11 de dezembro de 1964

      Você reconhece o autor desta frase, não é?

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    3. Pena de morte para os bandidos... Quais, os chefões do tráfico ou os batedores de carteira? Se o filho de um "cidadão de bem" tirar gasolina do carro do vizinho ou pegar o colar de ouro da avó para trocar por maconha também deve morrer? Eis o tipo de direita que prevalece no Brasil e definitivamente não pode reclamar por não encontrar coro entre "nossos" políticos burgueses. Eles têm muitos defeitos, mas dificilmente cometem suicídio eleitoral.
      Constato também uma visão de mundo simplória: um criminoso é necessariamente alguém que deseja sobressair pela violência? Muitos deles querem apenas ostentar a posse de bens de consumo diante de amigos, vizinhos e parentes. Onde, por outro lado, aqui foi dito que as penas devem ser "leves ou inexistentes"? "Refutando" o que não foi afirmado, Tiririca pode demolir até Sócrates...
      Quanto à questão do apoio ou rejeição à pena de morte, esteja livre para fazer um balanço dos posicionamentos dos partidos ao redor do planeta. Depois me conte (tudo) o que encontrou.

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  12. Ops! Peguei o bonde andando, como diz a expressão tão velha quanto os bondes, e a discussão aqui já se desdobrou por muitas vertentes. Mas pretendo comentar a maneira caricatural, e portanto, preconceituosa, com que você retratou os neocons, termo em si pejorativo. Não vou negar que muitos dos neocons tenham de fato as opiniões e idiossincrasias que você lhes atribuiu. Mas não são os únicos. É preciso lembrar que a revolução cubana, no início da década de 60, mandou homossexuais a campos de trabalho forçado e manteve uma política de perseguição sistemática a homossexuais que só se abrandou recentemente. Como também é preciso lembrar que o regime comunista de Mao-Tsé-t'ung aplicou um controle de natalidade radical, tal como o sugerido pelo deputado Bolsonaro, e concordou plenamente com as opiniões do falecido Amaral Neto quanto à validade da pena de morte, tanto que alardeou haver executado por fuzilamento cerca de 1,5 milhões de bandidos só nos primeiros anos da revolução. A respeito da redução da maioridade penal, a meu ver essa questão sequer se insere no debate ideológico, pois se trata de mera conseqüência das mudanças causadas na juventude pela atual era da informação, e a maioridade penal inferior a 18 anos é comum em diversos países do mundo inteiro, tanto socialistas quanto capitalistas.

    O aspecto caricato, "careta", dos neocons, a meu ver se deve a suas limitações intelectuais: a mente humana em muito se assemelha a uma esponja que absorve o que está a sua volta. Quanto mais limitado o intelecto, maior a porosidade da esponja. Assim, muitos indivíduos com veleidades intelectuais, e mesmo, com honesto propósito de discutir temas relevantes, mas sem capacidade para organizar as informações recebidas em um esquema inteligível, acabam absorvendo todo tipo de fragmento de discursos a sua volta, desde que estes lhe pareçam coerentes com as idéias que defendem. Esses fragmentos são, com freqüência, lugares-comuns de fundo moral ou religioso. Isto acontece, sim. Mas não apenas entre os conservadores. Como você sabe, a garotada esquerdista é especialista em repetir chavões e palavras-de-ordem que não entendem. A melhor expressão visual dessa misturada pode ser encontrada nos cartuns de Latuff, um dos quais você escolheu para ilustrar seu artigo. Esse Latuff - artista talentoso, mas comentarista ingênuo de dar pena - é especialista em desenhar palestinas com o rosto de Che Guevara; no entendimento dele, uma coisa tem a ver com a outra, pois palestinos, gays, sem-terra, afegães, negros, favelados, todos estão do lado dos "oprimidos". Um comentarista certa vez sugeriu, em tom de ironia, que Latuff fizesse um cartun mostrando um palestino caracterizado como militante gay...

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    1. Alguns reparos importantes:
      .As correlações que apresentei não são idiossincrasias. Constituem pontos importantes de um programa político, definidores até certo ponto de uma identidade ideológica.
      .Existem, é lógico, esquerdistas homofóbicos, mas atualmente a direita em conjunto, com raras exceções, é contra a ampliação dos direitos dos gays. Felizmente vem perdendo, o que contribui para a diminuição da hipocrisia na vida social.
      .O controle de natalidade chinês leva em conta a existência de uma população extremamente numerosa em relação às terras aráveis existentes, e as mesmas regras se aplicam a todos os segmentos da população, com alguma flexibilidade para as minorias étnicas. Algo bem diferente da perspectiva de Bolsonaro, que é esterilizar pobres para favorecer o que entende como ordem.
      .A discussão sobre a maioridade penal tem muito de ideológica. Basta relacionar as falas sobre o tema com as respectivas posições no espectro político.
      .Meu post (assim como o seguinte) foi sobre publicistas de algum prestígio e organizações de certa expressão. Não busquei ao acaso indivíduos neuróticos que hoje defendem causas reacionárias e amanhã podem virar fanáticos de alguma seita ou pura e simplesmente surtar.

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  13. Gustavo, sua página é um alívio para tantas besteiras que esses facistas brasileiros apregoam. OS bolsonaros(aqui utilizando o bolsonaro como tipo ideal a la Weber) são uma desgraça para a humanidade em geral.infelizmente, eles estão por aí. jair bolsonaro deveria estar é na cadeia pelas coisa que fala. mais uma vez, obrigado pelo seu blog!

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