quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mais racismo no Facebook

    
     Poucas pessoas ignoram que nos últimos anos a Internet tem constituído um espaço privilegiado para a prática de crimes de ódio, em especial o racismo.  Alguns minutos de busca no Facebook foram suficientes para construir o levantamento que exponho nesta matéria.  A tarefa acabou sendo facilitada pela constante troca de informações e afagos entre administradores e membros mais ativos das páginas racistas, que compartilham, comentam e curtem basicamente os mesmos links.
     Ao contrário de seus antepassados ideológicos, que na adesão ao chamado "racismo científico" alimentavam a expectativa de que os negros e índios do Brasil desapareceriam através dos casamentos ou uniões livres com os brancos das classes inferiores, muitos dos racistas contemporâneos condenam a miscigenação pela crença de que seu produto final será a "destruição da raça branca".  Temos um exemplo nesta postagem da bizarra organização "Raça Branca e Associação de Eurodescendentes", que à primeira vista se desdobra numa seção brasileira http://www.facebook.com/RacaBrancaForcaeHonra?ref=ts&fref=ts e outra pretensamente sul-americana http://www.facebook.com/pages/ONG-Ra%C3%A7a-Branca-e-Euro-Descendentes-da-Am%C3%A9rica-do-Sul/587466391298795?ref=ts&fref=ts, apesar da escassez ou talvez mesmo inexistência de associados de língua espanhola.          



O grupo "sul-americano", aliás, se mostra mais histérico quanto à hipótese da "extinção":


      A página Orgulho Eurodescendente http://www.facebook.com/OrgulhoEurodescendente?ref=ts&fref=ts, já excluída do Facebook há poucos meses em decorrência de repetidas denúncias e logo em seguida reaberta, apresenta uma patética cruzada de "conscientização dos brancos puros" contra a miscigenação.   


     Os racistas pós-modernos não se limitam a querer influenciar a libido alheia.  Eles fazem uso de mecanismos ainda mais toscos para o exercício do preconceito.  A comunidade Orgulho de Ser Branco http://www.facebook.com/BrancosOrgulosos?ref=ts&fref=ts veicula uma imagem cuja estúpida mensagem é clara: "O multiculturalismo traz pobreza e violência". 

  
     Página homônima http://www.facebook.com/pages/Orgulho-de-ser-Branco/219447141525948?ref=ts&fref=ts, que pelo conteúdo parece ser controlada por um adolescente de baixo nível intelectual e moral, expõe um repertório de piadas e montagens fotográficas racistas como se fossem citações inteligentes  e espirituosas.  Consegui alinhar duas pérolas em apenas um recorte.  



     A propósito, ignorância é o que não falta a estes elementos nocivos.  Retornando à ONG Raça Branca, "aprendemos" que incas, maias e astecas não eram índios!


     Como os racistas diversificam seus alvos com frequência, podemos ver logo abaixo o editor da Direita Nacionalista http://www.facebook.com/DireitaNacionalista?ref=ts&fref=ts celebrando a morte do "judeu Jacob Gorender".  Em seguida, valendo-se do anonimato e recorrendo ao mais puro discurso nazista, ele transforma o pensamento de esquerda numa espécie de perversão inerente a judeus.

   

          O "redator-chefe" da ONG Raça Branca, por sua vez, credita aos judeus as justificadas críticas que sofre, compreendidas como "ataques".  Infelizmente não explica que fator, descartada uma provável influência hitleriana, determina a exclusão dos judeus da condição de brancos!   


     Apesar de tudo, os integrantes das comunidades e grupos mencionados sustentam que não são racistas.  Repetidas vezes se queixam de que os verdadeiros racistas são seus "perseguidores".  Não cansarei o leitor com uma exemplificação exaustiva.  Basta copiar o "atestado de idoneidade" que um destes administradores confere a si mesmo.  


    A demagogia não convence.  Ninguém com mais de quatro pares de neurônios ativos pode confundir manifestações agressivas de preconceito com liberdade de expressão.  Portanto, denunciemos.  Denunciemos furiosamente, à direção do Facebook, à Polícia Federal, ao bispo mais próximo, ao jornal do bairro, à Corte de Haia!  Calemos a boca dos hitleristas tardios!     

16 comentários:

  1. Tem diferença entre página nazista e página de humor. A diferença é que nas páginas de humor todos sabem que não se deve ser racista, mas tem um senso de humor e sabem que é engraçado.

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  2. Nenhuma das páginas apontadas é de humor, sequer a que se pretende engraçada. Portanto, vale o que foi dito no final.

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  3. Se sabemos que não devemos ser racistas, por que brincamos com coisas ruins? Nenhuma das pages é humor. Já foi dito. Não tem desculpa para esse tipo de humor que desumaniza as pessoas. Hitler usou muito humor quando quis propagar a ideia de que judeus são inferiores. É assim que começa; foi assim que começou!

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  4. Ser contra a miscigenação não é racismo mas ser inteligente, a página Orgulho de Ser Branco e Orgulho Eurodescendentes não são de humor e nem praticam o racismo e nem preconceito, ao contrário de ti, seu preconceituoso sem argumentos.

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    1. Em primeiro lugar, "a página ... não são" é um erro tosco de concordância, e você se torna, de fato, um humorista involuntário quando se julga inteligente e não consegue sequer escrever uma frase correta na sua própria língua. Em segundo, é patético me acusar de não ter argumentos ... sem argumentar. Em terceiro, nada é mais estúpido do que a sua apologia aos casamentos endogâmicos, que favorecem a manifestação de mais genes recessivos e, consequentemente, mais doenças hereditárias. Em suma: vendo tanto analfabetismo funcional da sua parte em tão pouco espaço, nem posso qualificá-lo como nazista. Você é uma mera besta que encontrou uma seita para escorar sua ridícula existência.

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    2. Por que seria inteligente ser contra miscigenação? E para acusar o cara de preconceituoso vc tem que ter um argumento.

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    3. Existe uma coisa chamada eugenia para evitar que casamentos endogâmicos causem doencas genéticas. Famílias que tiveram filhos com doencas genéticas simplesmente podem evitar ter filhos ou recorrer à engenharia genética.
      Além de que, dentro da raca branca ainda existe uma enorme variabilidade genética, então os problemas com doencas genéticas não são realmente preocupantes.
      A miscigenacão destrói qualquer identidade que um povo tem, destroi a sua unidade. O multiculturalismo também.

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    4. Caso fosse verdadeira a sua premissa sobre miscigenação, sequer haveria um conceito como "latinidade". Quantos árabes de hoje, na Ásia e na África, têm as mesmas características fenotípicas da época de Maomé? Os finlandeses e húngaros de mil anos atrás tinham cabelos pretos e traços asiáticos. Depois de dezenas de gerações se miscigenando com germânicos e eslavos, "embranqueceram", "alouraram" e continuam sendo finlandeses e húngaros. Quantos milhares de exemplos você quer para entender finalmente que a associação entre genes e cultura é uma mera estupidez?
      Deixo por fim uma provocação: o que definiria um "povo branco" no Brasil, visto que este englobaria pessoas que aqui chegaram falando línguas diversas e praticando religiões diferentes, e que de forma alguma teria uma cultura comum a ser "destruída" pelo multiculturalismo?

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    5. Latinidade = miscigenado.
      Ponto, esse é o conceito!

      Mas existem pessoas que não querem fazer parte disso, pronto e acabou, não tem que discutir se isso é racismo ou não!

      Qualquer coisa é racista desde que não sejam com os afros. Pergunte isso para os asiáticos e veja o que eles acham disso?! Aposto que eles são tão "racistas" quanto os brancos que não querem se miscigenar mas não são taxados como tal.
      O que eu me pergunto é: se há essa "implicância" com o "racismo branco" só pelo fato dos brancos, na maioria das vezes (há exceções), serem privilegiados economicamente os não brancos se vitimam para obter privilégio?
      Apesar de que isso, na América, soa ridículo pelo continente ser composto por imigrantes de todo o mundo, mas se existe isso, ok, cada um no seu canto e veremos até onde isso vai acabar...

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    6. Registro de entrada o seu autoritarismo, ao pretender decidir unilateralmente o que deve ou não ser discutido. As páginas contém (ou continham) propostas políticas bastante nítidas, que passam pela adesão ao conservadorismo extremado e insinuam a conveniência de um governo supremacista branco. Você até pode me dizer que esta militância não consegue lotar um ônibus, mas eu responderei, neste caso, que me apraz combatê-la para que na próxima geração não lote nem uma van. O que está em questão não é o direito incontestável de pessoas que se consideram brancas quererem se casar com outras pessoas brancas, mas (releia os recortes) a pregação supremacista e a hostilidade às outras "raças" presentes nestas comunidades, algumas das quais a própria administração do Facebook já fechou por ter o mesmo entendimento que aqui foi exposto.

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    7. Sou negro, formado em advocacia, e as páginas citadas não fazem uso de discurso de ódio, muito menos de racismo! Estudem sua própria legislação!

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    8. Nada é mais tedioso do que ver como se multiplicam os perfis fakes de "negros" que a direita tenta plantar em toda parte. Academicamente dizendo, um saco!

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  5. Vai pra Cuba que é teu lugar comuna.

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    1. Sai do armário, fascista! Não tem vergonha de viver de trollagem postando como anônimo?

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  6. O autor esqueceu de dizer que no Brasil e no mundo todo, só os Racistas Judeus não se casam com negros! Também os judeus são os únicos racistas no mundo que dizem que são "o povo eleito" por Deus! Haja racismo e ninguém diz nada!

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  7. Não faz muitas décadas, supremacistas brancos americanos acusavam os judeus de transformar, pela miscigenação, os negros dos EUA em uma outra raça, insubmissa. Mas suponhamos por um minuto que os judeus sejam a gente mais racista do planeta. No que isto justificaria o supremacismo branco-europeu?

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